Unidade Terapia Intensiva

Unidade Terapia Intensiva
UTI

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Eletrocardiograma da vida

A nossa vida em um monitor

Diferença entre cardioversão e desfibrilação elétrica

Diferenças Básicas Entre Cardioversão e Desfibrilação Elétrica



A desfibrilação e a cardioversão elétrica são procedimentos terapêuticos que salvam vidas e seu uso não se limita apenas a profissionais da área da saúde, podendo ser utilizados também por leigos treinados em situações selecionadas (desfibrilação externa automática DEA). Estudos demonstram que em 85% dos pacientes que apresentaram Taquicardia Ventricular (TV) e Fibrilação Ventricular (FV) e que foram tratados com desfibrilação precoce tiveram preservadas suas funções cerebrais e cardíacas.
A desfibrilação elétrica é um procedimento terapêutico que consiste na aplicação de uma corrente elétrica contínua NÃO SINCRONIZADA, no músculo cardíaco. Esse choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do miocárdio, tornando possível a reversão de arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao nó sinusal retomar a geração e o controle do ritmo cardíaco.
A cardioversão elétrica é um procedimento na maioria das vezes eletivo, em que se aplica o choque elétrico de maneira SINCRONIZADA, ou seja, o paciente deve estar monitorado no cardioversor e este deve estar com o botão de sincronismo ativado, pois a descarga elétrica é liberada na onda R, ou seja, no período refratário.
Um cuidado importante no momento da desfibrilação, é checar se o botão de sincronismo está DESATIVADO, pois como em situações de FV/TV não temos o registro de onda R e se o aparelho estiver programado para cardioverter, o choque não será administrado.

Indicações

A desfibrilação elétrica
é indicada apenas nas situações de FV e TV sem pulso,
A cardioversão elétrica é indicada nas situações de taquiarritmias como a fibrilação atrial (FA), flutter atrial, taquicardia paroxística supraventricular e taquicardias com complexo largo e com pulso.
Tipos de Desfibriladores
Desfibrilador externo automático (DEA)- utilizado por leigos no atendimento a PCR. O equipamento quando corretamente instalado no paciente, tem a capacidade de ler o traçado eletrocardiográfico e indicar ou não o choque
Desfibrilador monofásico
Desfibrilador bifásico
O módulo Cardioversão está embutido no aparelho de desfibrilador. A diferença é que para se ter a modalidade de cardioversão elétrica, deve-se acionar o botão de SINCRONISMO do aparelho e manter o paciente monitorado nele.

Cateterismo nasogastrico

Cateterismo vesical masculino

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Alguns procedimentos em uti



ALGUNS PROCEDIMENTOS UTILIZADOS EM UTI


RESTRIÇÃO
Material (restrição mecânica)
- atadura de crepe; algodão, gaze, compressas cirúrgicas; lençóis; tala; fita adesiva; braçadeiras de contenção.

Procedimento
- proceder a restrição no leito dos segmentos corporais na seguinte ordem: ombros, pulsos e tornozelos, quadril e joelhos;
- ombros: lencol em diagonal pelas costas, axilas e ombros, cruzando-as na região cervical;
- tornozelos e pulsos: proteger com algodão ortopédico, com a atadura de crepe fazer movimento circular, amarrar;
- quadril: colocar um lençol dobrado sobre o quadril e outro sob a região lombar, torcer as pontas, amarrar;
- joelhos: com 02 lençóis. Passar a ponta D sobre o joelho D e sob o E e a ponta do lado E sobre o joelho E e sob o D;

Observações
- não utilizar ataduras de crepe (faixas) menor do que 10 cm;
- evitar garroteamento dos membros;
- afrouxar a restrição em casos de edema, lesão e palidez;
- retirar a restrição uma vez ao dia (banho);
- proceder limpeza e massagem de conforto no local.

SONDA NASOGÁSTRICA
(do nariz ao estômago)

Sonda aberta: drenagem
Sonda fechada: alimentação

Material
- sonda gástrica LEVINE ( mulher 14 a 16, homem 16 a 18);
- seringa de 20ml; copo com água; gaze, benzina; toalha de rosto; xylocaína gel; fita adesiva; estetoscópio; biombo s/n; luvas de procedimento; sacos para lixo.

Procedimento
- Elevar a cabeceira da cama (posição Fowler – 45º) com a cabeceira inclinada para frente ou decúbito dorsal horizontal com cabeça lateralizada;
- Proteger o tórax com a toalha e limpar as narinas com gaze;
- Limpar o nariz e a testa com gaze e benzina para retirar a oleosidade da pele;
- Medir a sonda do lóbulo da orelha até a ponta do nariz e até a base do apêndice;
- Marcar com adesivo;
- Calçar luvas;
- Lubrificar a sonda com xylocaína;
- Introduzir a sonda em uma das narinas pedindo ao paciente que degluta, introduzir até a marca do adesivo;
- Observar sinais de cianose, dispnéia e tosse;
- Para verificar se a sonda está no local:
· Injetar 20ml de ar na sonda e auscultar com esteto, na base do apêndice xifóide, para ouvir ruídos hidroaéreos;
· Ver fluxo de suco gástrico aspirando com a seringa de 20ml;
· Colocar a ponta da sonda no copo com água, se tiver borbulhamento está na traquéia. Deve ser retirada.
· Toda vez que a sonda for aberta, para algum procedimento, dobrá-la para evitar a entrada de ar;
· Fechá-la ou conectá-la ao coletor;
· Fixar a sonda não tracionando a narina.
CURATIVO
Curativo Infectado: limpeza de fora para dentro
Curativo Limpo: limpeza de dentro para fora.

Material:
- Bandeja ou carrinho contendo pacote de curativos:
- 1 pinça anatômica; 1 pinça dente de rato; 1 pinça Kocher ou Kelly; tesoura estéril s/n; pacotes de gases esterilizados; micropore ou esparadrapo; almotolia com éter ou benzina; almotolia com soluções anti-sépticas, SF 0.9% E PVPI; saco para lixo; atadura de crepe ou gaze s/n; pomadas, seringa, algodão e espátula s/n; luvas de procedimento.

Procedimentos
- fixar o saco para lxo em loca conveniente;
- abrir o pacote estéril com técnica e dispor as pinças;
- colocar gaze em quantidade suficiente, dentro do campo;
- remover ocurativo com a pinça dente de rato, Kelly ou luva de procedimento e uma gaze embebida em benzina ou SF (se houver aderência);
- limpar com SF e fazer anti-sepsia com PVPI ou curativo disponível;
- cobrir com gaze estéril.

Observações
- quando a ferida encontra-se com tecido de granulação (sensível) é contra-indicado a utilização de gaze para a limpeza, neste caso, recomenda-se irrigar a ferida com SF; se o pacote de curativo apresentar 4 pinças, despreza-se as duas utilizadas para remover o curativo, se apresentar 03 pinças, despreza-se a dente de rato na cuba rim ou retira-se o curativo com a luva de procedimento;

LAVAGEM INTESTINAL
Material:
- irrigador com extensão clampada contendo solução prescrita: água morna, glicerina, solução salina, SF + glicerina, fleet enema, minilax;
- sonda retal (mulher: 22 ou 24 e homem: 24 ou 26);
- pincha para fechar o intermediário; gazes; vaselina ou xylocaína; cuba rim; papel higiênico; luva de procedimento; suporte de soro; comadre; biombo s/n; impermeável; lençol móvel; solução glicerinada ou fleet enema; saco para lixo.

Procedimento:
- abrir o pacote do irrigador, conectar a sonda retal na sua borracha;
- colocar a solução (SF + glicerina) dentro do irrigador;
- retirar o ar da borracha;
- colocar a xylocaína numa gaze;
- colocar a cuba rim, gaze e irrigador completo numa bandeja e levar para o quarto;
- proteger a coma com impermeável e lençol móvel;
- dependurar o irrigador no suporte de soro à altura de 60cm do tórax do paciente;
- colocar a comadre sobre os pés da cama;
- colocar a paciente em posição de Sims;
- tirar ar da sonda sobre a cuba rim;
- clampar a extensão do irrigador;
- lubrificar a sonda reta 5 cm;
- calçar luvas;
- entreabrir as nádegas com papel higiênico;
- introduzir a sonda de 5 a 10 cm, usando uma gze, pedir ao paciente que inspire profundamente;
- firmar a sonda com uma mão e com a outra desclampar a extensão;
- deixar ecoar lentamente o líquido até restar pequena quantidade no irrigador;
- se a solução não estiver sendo infundida, fazer movimentos rotatórios;
- clampar a extensão, retirar a sonda com papel e desprezar na cuba rim;
- orientar o paciente a reter a solução, o quanto puder;
- oferecer comadre e papel higiênico à mão.

SONDA NASOENTERAL
(do nariz ao duodeno)

Somente estará aberta se estiver infundido.
Somente usada para alimentação.

Material:
- sonda enteral DOOBBHOFF, com fio guia (mandril);
- seringa de 20ml; copo com água; gaze, benzina; toalha de rosto; xylocaína gel; fita adesiva; estetoscópio; biombo s/n; luvas de procedimento; sacos para lixo.

Procedimento
- Elevar a cabeceira da cama (posição Fowler – 45º) com a cabeceira inclinada para frente ou decúbito dorsal horizontal com cabeça lateralizada;
- Proteger o tórax com a toalha e limpar as narinas com gaze;
- Limpar o nariz e a testa com gaze e benzina para retirar a oleosidade da pele;
- Medir a sonda do lóbulo da orelha até a ponta do nariz e até a base do apêndice (acrescentar mais 10cm) ;
- Marcar com adesivo;
- Calçar luvas;
- Injetar água dentro da sonda (com mandril);
- Mergulhar a ponta da sonda em copo com água para lubrificar;
- Introduzir a sonda em uma das narinas pedindo ao paciente que degluta, introduzir até a marca do adesivo;
- Retirar o fio guia após a passagem correta;
- Aguardar a migração da sonda para duodeno, antes de administrar alimentação (até 24hs) confirmada pelo RX;
- Observar sinais de cianose, dispnéia e tosse;
- Para verificar se a sonda está no local:
· Injetar 20ml de ar na sonda e auscultar com esteto, na base do apêndice xifóide, para ouvir ruídos hidroaéreos;
· Colocar a ponta da sonda no copo com água, se tiver borbulhamento está na traquéia. Deve ser retirada.
· Toda vez que a sonda for aberta, para algum procedimento, dobrá-la para evitar a entrada de ar;
· Fechá-la ou conectá-la ao coletor;
· Fixar a sonda não tracionando a narina;
· Colocar o paciente em decúbito lateral direito para que a passagem da sonda até o duodeno seja facilitada pela peristalce gástrica.

CATÉTER NASOFARÍNGEO
Material
- catéter estéril de 8 a 12;
- frasco umidificador de bolhas estéril; extensão de borracha; fluxômetro calibrado para rede de oxigênio; esparadrapo; gaze com lubrificante; 50ml de água destilada esterilizada.

Procedimento
- instalar o fluxômetro na rede de Oxigênio e testá-lo;
- colocar a água destilada esterilizada no copo do umidificador, fechar e conectá-lo ao fluxômetro;
- conectar a extensão plástica ao umidificador;
- identificá-lo com etiqueta (data, horário e volume de água);
- medir o catéter do início do canal auditivo à ponta do nariz, marcar com adesivo;
- lubrificar o catéter e introduzí-lo em uma das narinas, até aproximadamente 2 cm antes da marca do adesivo;
- conectar o catéter à extensão;
- abrir e regular o fluxômetro (conforme prescrição);

Trocar o catéter diariamente, rodiziando as narinas.
Trocar o umidificador e a extensão a cada 48hs.

CÂNULA NASAL (óculos)
Material:
- cânula nasal dupla estéril; umidificador de bolhas estéril; extensão de borracha; fluxômetro calibrado por rede de oxigênio; 50 ml de AD esterilizada.

Procedimento:
- instalar o fluxômetro e testá-lo;
- colocar água no copo do umidificador, fechá-lo e conectá-lo ao fluxômetro;
- conectar a extensão ao umidificador;
- identificar o umidificador com etiqueta (data, horário e volume de água);
- instalar a cânula nasal do paciente e ajustá-la sem tracionar as narinas;
- conectar a cânula à extensão, abrir e regula o fluxômetro (conforme prescrição).

Trocar a cânula nasal diariamente.
Trocar o umidificador e extensão plástica a cada 48 horas.

NEBULIZAÇÃO
Material
- fluxômetro; máscara simples ou “Venturi” de formato adequado esterilizado;
- frasco nebulizador; extensão plástica corrugada (traquéia); 250 ml de água destilada esterilizada; etiqueta e folha de anotações de enfermagem.

Procedimento
- instalar o fluxômetro e testá-lo;
- colocar a água no copo do nebulizador, fechar e conectar ao fluxômetro;
- conectar a máscara ao tubo corrugado, e este ao nebulizador;
- colocar a máscara no rosto do paciente e ajustá-la, evitando compressões;
- regular o fluxo de Oxigênio, de acordo com a prescrição;
- identificar o nebulizador com adesivo (data, hora e volume).

Trocar a água do nebulizador 6/6hs, desprezando toda a água do copo e colocando nova etiqueta.
Trocar o conjunto a cada 48 horas.
INALAÇÃO
Material
- fluxômetro; micronebulizador, com máscara e extensão; 10ml de SF ou água destilada esterilizada; medicamento; etiqueta; gaze esterilizada; folha de anotações;

Procedimento
- instalar o fluxômetro na rede de Oxigênio ou ar comprimido e testá-lo;
- abrir a embalagem do micronebulizador e reservá-lo;
- colocar o SF ou AD no copinho, acrescentar o medicamento, fechar e conectar ao fluxômetro;
- conectar a máscara ao micronebulizador;
- regular o fluxo de gás (produzir névoa 5L/min);
- aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la, entre o nariz e a boca, solicitando que respire com os lábios entreabertos;
- manter o micronebulizador junto ao rosto do paciente, por 5 minutos, ou até terminar a solução (quando possível orientá-lo a fazê-lo sozinho);
- identificar com etiqueta (data, horário de instalação);
- fechar o fluxômetro e retirar o micronebulizador;
- secar com gaze, recolocá-lo na embalagem e mantê-lo na cabeceira do paciente.
Trocar o nebulizador a cada 48 horas.

ASPIRAÇÃO
Material
- sonda de aspiração de calibre adequado; intermediário de conector Y; luva estéril;
- aparelho de sucção; frasco com água (500ml) de SF 0.9% para limpeza do circuito após a utilização; gaze estéril; máscara de proteção; seringa de 10 ml s/n; agulhas 40x12 s/n; ampola de SF s/n; saco de lixo.

Procedimento:
- colocar água e sabão no frasco coletor;
- testar o aspirador;
- elevar a cabeça do paciente e lateralizá-la;
- abrir a extremidade da sonda e adaptar ao aspirador;
- manter o restante da sonda na embalagem;
- colocar a máscara e a luva (considerar uma das mãos estéril e a outra não);
- introduza a sonda com a válvula aberta, na fase inspiratória, abrindo o Y;
- aspire e retire a sonda com a mão estéril;
- desprezar em caso de obstrução e colocar as luvas (s/n fluidificar a secreção, instalando 2ml de SF);
- aspirar a boca e nariz com nova sonda;
- lavar todo o circuito com SF e desprezar a sonda;
- trocar todo circuito a 24hs.
Anotar
- data e hora;
- quantidade;
- característica da secreções;
- reações do paciente;
Aspirar durante 15 s e dar intervalos de 30 segundos.

SONDA VESICAL

Mulher: 14 a 16
Homem: 16 a 18



Material:
- pacote (cateterismo vesical) com:
- campo estéril; cuba redonda ou cúpula; 5 bolas de algodão ou gaze; pinça Pean; cuba rim; sonda vesical ou Nelaton; PVPI tópico; Luva estéril; Saco para lixo;
- Recipiente para coleta de urina (cálice graduado); Recipiente estéril para coleta de amostra de urina; Seringa 20 ml; Biombo s/n.
SONDA VESICAL DE DEMORA
Material
- gaze estéril; seringa de 20 ml ou 10 ml; agulha de 40x20; ampola de AD 10 ml / SF
- xylocaína gel lacrada; coletor de urina estéril (sistema fechado); micropore; comadre; sonda Foley; homem: uma seringa a mais (xylocaína / água).

Procedimento
- colocar o paciente em posição (mulher: ginecológica; homem: pernas estendidas);
- biombo e foco de luz s/n;
- lavar as mãos;
- abrir o coletor e fixá-lo na cama, colocar a ponta da conexão sobr o campo fixando-o com adesivo;
- abrir o pacote de sondagem (cateterismo vesical) sobre o leito, no sentido diagonal, colocando uma das pontas sob a região glútea (se paciente abitado, abrir em mesa auxiliar);
- colocar PVPI na cuba redonda, que contém as bolas de algodão;
- abrir a sonda e o resto do material sobre o campo (gaze, agulha, seringa);
- colocar xylocaína na gaze;
- abrir a ampola de água;
- calçar as luvas;
- testar o Cuff da sonda (fazer o balão inflar);
- aspirar 10 ml de água destilada sem tocar na ampola;
- lubrificar 5 cm da sonda;
- homem: preparar seringa com 10 ml de xylocaína;
- conectar a sonda ao coletor;
- fazer a anti-sepsia:
v mulher: duas bolas de algodão entre a vulva e os grandes lábios, duas bolas de algodão entre os pequenos lábios, uma bola de algodão no meato urinário;
v homem: afastar o prepúcio e expor a glande, fazer antissepsia em movimentos circular ou, do meato em direção a glande, elevar o pênis perpendicularmente ao corpo do paciente, injetar 10 ml de xylocaína no meato;

SONDA VESICAL DE ALÍVIO: Não possui CUFF
SONDA VESICAL DE DEMORA:
- FOLEY de duas vias (01 para insulflar e outra para drenar);
- FOLEY de três vias (igual a anterior + 01 para infundir solução;
- Fazer o controle da irrigação.
RETIRADA DE SONDA
Material:
- saco de lixo; luva de procedimento; seringa.

Procedimento:
- verificar a bolsa coletora (volume, cor, aspecto da urina);
- calçar luvas de procedimento;
- aspirar o soro fisiológico ou AD do CUFF (mesmo volume que foi colocado);
- retirar a sonda;
- desprezar no lixo.
IRRIGAÇÃO CONTÍNUA
Material
- sonda de 3 vias; SF para irrigação; Equipo de soro; Luvas de procedimento; Folha de impresso; Coletor; Suporte de soro;

Procedimento:
- preparar a solução;
- pendurá-lo no suporte;
- s/n sonde o paciente;
- conectar a sonda ao equipo da solução;
- substituir a solução sempre que necessário;
- controlar o gotejamento e observar a permeabilidade;
- calçar luvas;
- medir volume drenado;
- VOL. DRENADO – VOL. INFUNDIDO = VOL. TOTAL
- Observar características;
- Anotar balanço;
RETIRADA DE PONTOS
Material:
- 1 pinça Kocker, 1 pinça Kelly, 1 pinça dente de rato e 1 anatômica;
- gazes esterilizados;
- soro fisiológico;
- tesoura de iris ou lâmina de bisturi ou gilete esterilizada;
- fita adesiva;
- saco plástico.
Procedimento
- faz-se a limpeza da incisão cirúrgica, obedecendo a técnica do curativo;
- umideça os pontos com soro fisiológico, secar;
- com a pinça anatômica, segura-se a extremidade do fio e com a tesoura corta-se a parte inferior do nó;
- coloca-se uma gaze próxima à incisão, para depoisitar os pontos retirados;
- após o procedimento, fazer a limpeza local com técnica asséptica.

medicamentos,(id,im,sc,ev), e sinais vitais

TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA

Cinco certos
- paciente certo (nome e leito);
- medicamento certo (olhar na prescrição);
- dose certa;
- via certa;
- horário certo.
Vias mais comuns
- ID, SC (horas);
- IM (15 a 30 minutos);
- EV (imediato).
VERIFICAÇÃO DOS SSVV
Temperatura:
- hipotermia: T 36º C;
- normotermia: T entre 36º e 37,4ºC;
- febrícula: T entre 37.5º e 37.7ºC;
- estado febril: T entre 37.8º e 38ºC;
- febre: T entre 38º e 39ºC;
- pirexia: T enter 39º e 40ºC;
- Hiperpirexia: T acima de 40ºC;
Desinfetar o termômetro.
Respiração:
- Eupneico: 16 a 22 mr/min;
- Bradipneico: < 16mr/min;
- Taquipneico: > 22 mr/min;
Pulso:
- P: 60 a 100 bat/min.;
Pressão arterial:
- normotenso: 120x80 a 140x90 mmHg
- hipotenso: < 90x60mmHg
- hipertenso: > 140x90mmHg
Fórmulas
Velocidade de gotejamento
Nº de gotas: volume (ml)
Tempo (h) x 3

Nº microgotas: volume (ml)
Tempo (horas)
20 gotas: 01 ml. 03 microgotas: 1 gota.


Nível normal de glicose no sangue: 80 a 100
Administração de Insulina
x= dose prescrita x seringa (1ml)
Dose do frasco
Escalpe heparinizado (EV, IM, SC)

- aspirar 0.1ml de heparina
- completar com 9.9 ml de água destilada;
- em seringa de 10ml (5.000UI por ml)
Penicilina

Ao diluir a penicilina, injetar 8ml de diluente para aspirar 10ml de solução final, o frasco ampola já contém 2ml de pó.

Medicação parenteral (ID, SC, IM, EV)

- frasco ampola: para retirar a medicação, injeta-se líquido no frasco e tira-se o ar, depois injeta-se ar e tira-se líquido.
Injeção intradérmica
- solução introduzida na derme para testes de sensibilidade e vacinas;
- volume máximo de 0.5ml;
- seringa e agulha de insulina (13x3.8);
- locais de aplicação: pouca pigmentação, poucos pelos, pouca vascularização e fácil acesso.
- Aplicação: fazer a antissepsia no local com álcool, distender a pele no local, introduzir a agulha paralela à pele ou à 15º com bisel para cima, injetar levemente (tem que fazer pápula), deve doer, não pode massagear.
Injeção subcutânea
- solução introduzida na tela subcutânea (tecido adiposo);
- para solução que não necessitem de absorção rápida mas sim contínua, segura, para que passe horas absorvendo:
v até 1.5ml de solução não irritante;
v tamanho da agulha: 10x6/7 (90º), 20x6 (30º), 20x7 (60º);
v não pode fazer pápula nem doer muito.
- locais de aplicação: toda tela subcutânea, preferencialmente parede abdominal, face anterior da coxa e do braço, dorso superior, menos indicado é o anterior do antebraço porque tem grande chance de pegar um vaso;
- aplicação: pinçar o local da aplicação com o polegar e o indicador, introduzir a agulha a 90º com a agulha curta, 30º em magros, 45º em normais e 60º em obesos; soltar a pele, aspirar e injetar lentamente, não massagear, não doer.
Injeção Intramuscular
- introdução da medicação dentro do corpo muscular;
- para introdução e substância irritante com doses até 5 ml, efeito relativamente rápido, pode ser veículo aquoso ou oleoso;
- a seringa é de acordo com o volume a ser injetado;
- a agulha varia de acordo com a idade, tela subcutânea e solubilidade da droga;
- agulhas: 25x7/8, 30x7/8;
- locais de aplicação: distantes vasos e nervos, musculatura desenvolvida, irritabilidade da droga (profunda), espessura do tecido adiposo, preferência do paciente.
Região Deltóide:
- Traçar um retângulo na região lateral do braço iniciando de 3 a 5 cm do acrômio (3 dedos), o braço deve estar flexionado em posição anatômica;
- Não pode ser com substâncias irritantes acima de 2 ml.
Região dorsoglútea:
- Traçar linha partindo da espinha ilíaca póstero-superior até o grande trocânter do fêmur, puncionar acima desta linha (quadrante superior externo);
- Em dorso lateral (DL): posição de Sims;
- Em pé: fazer a contração dos músculos glúteos fazendo a rotação dos pés para dentro e braços ao longo do corpo.
Região ventroglútea (Hochsteter)
- Colocar a mão E no quadril D, apoiando com o dedo indicador na espinha ilíaca ântero-superior D, abrir o dedo médio ao longo da crista ilíaca espalmando a mão sobre a base do grande trocânter do fêmur e formar com o dedo indicador um triângulo. Se a aplicação for feita do lado esquerdo do paciente, colocar o dedo médio na espinha ilíaca ântero-superior e afastar o indicador para formar o triângulo. A aplicação pode ser feita em ambos locais.
Região face ântero-lateral da coxa:
- Retângulo delimitado pela linha média anterior e linha média lateral da coxa, de 12 a 15 cm abaixo do grande trocânter do fêmur e de 9 a 12 cm acima do joelho, numa faixa de 7 a 10 cm de largura;
- Agulha curta: criança 15/20, adulto 25;
- Angulação oblíqua de 45º em direção podálica;
- Aplicação: pinçar o músculo com o polegar e o indicador, introduzir a agulha einjetar lentamente a medicação, retirar a aguhla rapidamente colocando um algodão, massagear por uns instantes.

Injeção endovenosa:
- Punção venosa é a introdução de uma agulha diretamente na veia em geral, ns veias superficiais dos membros superiores para colher sangue ou injetar soluções;
- Para ações imediatas, medicamentos irritantes no tecido muscular, volume da medicação;
- Locais de aplicação: mão, braço, perna, pé.
- Aplicação: escolher o membro, garrotear e usar manobras (compressas, membro para baixo, abrir e fechar as mãos), começar a puncionar distal para proximal;
- Colocar a luva de procedimento, fazer antissepsia, puncionar a veia com agulha inicialmente a 45º e dpeois paralelo a pele, o bisel deve ficar para cima, soltar o garrote, administrar o medicamento lentamente, retirar a agulha, promover hemostasia. NÃO REENCAPAR A AGULHA.

Venóclise
Método utilizado para infundir grande volume de líquido dentro da veia. Para administrar medicamentos, manter e repor reservas orgânicas de água, eletrólitos e nutrientes, restaurar equilíbrio ácido-básico, restabelecer o volume sanguíneo.
Local de aplicação: de fácil acesso, evitando articulações.
Material:
- soro;
- equipo;
- algodão com álcool;
- garrote;
- escalpe;
- adesivo;
- luvas de procedimento.
Procedimento
- Preparar o soro;
- Fechar o clamp do equipo, instalar o equipo, abrir e encher o equipo e fechar o clamp;
- Preparar rótulo do soro com os 5 cetos e assinar.
- Fazer tricotomia s/n;
- Garrotear o membro e fazer antissepsia;
- Colocar as luvas;
- Retrair a veia 4cm antes do local da punção;
- Retirar o garrote;
- Instalar o equipo, abrir o clampo;
- Fixar o escalpe;
- Fazer teste de refluxo e controlar o gotejamento.

terminologia de cada sistema do organismo


Terminologia própria de cada sistema do organismo

Sistema Respiratório

¨ Aerofagia: deglutição anormal de ar, provocando eructação freqüente
¨ Anoxia: redução do suprimento de oxigênio nos tecidos
¨ Apnéia: parada dos movimentos respiratórios
¨ Asfixia: sufocação, dificuldade da passagem do ar
¨ Binasal: referente a ambos os campos visuais nasais
¨ Cianose: coloração azulada por falta de oxigênio
¨ Dispnéia: dificuldade respiratória
¨ Estertorosa: respiração ruidosa
¨ Expectoração: expelir secreção pulmonar (escarro)
¨ Hemoptise: hemorragia de origem pulmonar, escarro com sangue
¨ Hemotórax: coleção de sangue na cavidade pleural
¨ Hiperpnéia: respiração anormal, acelerada, com movimentos respiratórios exagerados
¨ Ortopnéia: acentuada falta de ar em decúbito dorsal
¨ Taquipnéia: movimentos respiratórios acelerados
Sistema Digestivo

¨ Anorexia: perda do apetite;
¨ Afagia: impossibilidade de deglutir;
¨ Azia: sensação de ardor estomacal, eructação azeda e ácida.
¨ Bilioso: referente a bile; peculiar a transtornos causados por excesso de bile;
¨ Bulimia: fome exagerada;
¨ Cólica: dor espasmódica:
¨ Colostomia: abertura artificial para saída de fezes a nível do colo.
¨ Constipação: demora anormal na passagem das fezes;
¨ Coprólito: massa endurecida de matéria fecal nos intestinos;
¨ Desidratação: perda exagerada de líquido no organismo;
¨ Diarréia: evacuações freqüentes e líquidas;
¨ Disfagia: dificuldade de deglutir;
¨ Distensão: estiramento de alguma fibra muscular, entumecimento ou expansão;
¨ Êmese: ato de vomitar;
¨ Enema: clister, lavagem, introdução de líquidos no reto;
¨ Enteralgia: dor intestinal;
¨ Eventração: saída total ou parcial de vísceras na parede abdominal, mas a pele continua íntegra;
¨ Evisceração: saída das vísceras de sua situação normal;
¨ Flatulência: distensão do intestino pelo acúmulo de fezes e gazes;
¨ Gastralgia: dor de estômago;
¨ Halitose: mau hálito;
¨ Hematêmese: vômitos com sangue;
¨ Hiperêmese: vômitos excessivos ou incoercíveis;
¨ Inapetência: falta de apetite, anorexia;
¨ Melena: fezes escuras e brilhantes, com presença de sangue;
¨ Náuseas: desconforto gástrico com impulsão para vomitar;
¨ Pirose: sensação de ardência do estômago à garganta;
¨ Pleniturde gástrica: sensação de ardência do estômago à garganta.
¨ Polidipsia: sede excessiva;
¨ Regurgitação: volta de comida do estômago à boca;
¨ Sialorréia: salivação excessiva;
¨ Sialosquiese: salivação deficiente (boca seca);
Sistema Nervoso

¨ Apalestesia: perda do sentido das vibrações
¨ Astasia: incapacidade de permanecer em pé por incoordenação motora
¨ Coma: estado de inconsciência
¨ Convulsão: contrações violentas e involuntárias do músculo, agitação desordenada
¨ Diplegia: paralisia bilateral
¨ Ecopraxia: repetição dos movimentos ou maneirismo de outra pessoa
¨ Estutor: inconsciência total ou parcial
¨ Estupor: inconsciência total ou parcial, mutismo sem perda da percepção sensorial
¨ Hemiplegia: paralisia dos MMII
¨ Hemicrância: enxaqueca, dor (em metade do crânio)
¨ Hemiparesia: fraqueza muscular em um lado do corpo
¨ Hiperalgesia: sensibilidade exagerada à dor
¨ Hipersônia: sonolência excessiva
¨ Hipoestesia: diminuição da sensibilidade
¨ Hipotonia: tonicidade muscular diminuída
¨ Parestesia: alteração da sensibilidade, desordem nervosa, com sensações anormais
¨ Paresia: paralisia incompleta
¨ Paralisia: diminuição ou desaparecimento da sensibilidade e movimentos
¨ Reflexo: contração muscular, resposta involuntária a um estímulo
¨ Tetraplegia: paralisação dos quatro membros
Sistema Tegumentar
¨ Acromia: falta de melanina, falta de pigmentação, albinismo;
¨ Apelo: 1) sem pele, não cicatrizado, aplicado a feridas. 2) desprovido de prepúcio, circuncidado;
¨ Cloasma: manchas escuras na pele, principalmente na face da gestante;
¨ Dermatite: inflamação da pele;
¨ Dermatose: doença de pele;
¨ Equimose: extravasamento de sangue por baixo dos tecidos, manchas escuras ou avermelhadas;
¨ Eritema: vermelhidão na pele;
¨ Erupção na pele: vermelhamento de sangue por baixo dos tecidos, manchas escuras ou avermelhadas;
¨ Erupção: lesões visíveis na pele;
¨ Escabiose: moléstia cutânea contagiosa, caracterizada por lesão multiformes, acompanhadas por prurido intenso.
¨ Esclerodermia: afecção cutânea com endurecimento da pele;
¨ Esclerose: endurecimento da pele, devido a uma proliferação exagerada de tecido conjuntivo. Alteração de tecido ou órgão caracterizado pela formação de tecido fibroso;
¨ Escoriações: perda superficial de tecidos;
¨ Estrófulo: dermatose benigna comum no recém-nascido;
¨ Exantema: deflorência cutânea, qualquer erupção cutânea;
¨ Fissura: ulceração de mucosa;
¨ Flictema: levantamento da epiderme, formando pequenas bolhas;
¨ Mácula: mancha rósea da pele sem elevação;
¨ Petéquias: pequenas hemorragias puntiformes;
¨ Pústula: vesícula cheia de pus.
¨ Úlcera: necrose parcial do tecido com perda de substâncias;
¨ Urticária: erupção eritematosa da pele com prurido;
¨ Vesículas: bolhas;
Sistema Locomotor

¨ Ancilose: imobilidade de uma articulação;
¨ Acinesia: lentidão dos movimentos ou paralisia parcial;
¨ Agrafia: não consegue escrever;
¨ Ambidestro: habilidade de usar as duas mãos.
¨ Ataxia: Não coordena os músculos e a locomoção;
Sistema Urinário

¨ Anúria: Ausência de eliminação urinária
¨ Colúria: Presença de bilirrubina ou bílis na urina
¨ Diurese: volume de urina coletado
¨ Enurese: incontinência urinária
¨ Hematúria: presença de sangue na urina
¨ Micção: ato de urinar
¨ Mictúria: micção freqüente à noite
¨ Oligúria: deficiência de eliminação urinária, escassêz
¨ Piúria: presença de pus na urina
¨ Polagiúria: eliminação freqüente da urina
¨ Poliúria: excessiva eliminação urinária
¨ Retenção urinária: incapacidade de eliminar a urina
¨ Xantorréia: corrimento vaginal
Órgãos dos Sentidos
Boca
¨ Afasia: impossibilidade de falar ou entender a palavra falada
¨ Afagia: impossibilidade de deglurir
¨ Afonia: perda mais ou menos acentuada da voz
¨ Anodontia: ausência congênita ou adquirida dos dentes
¨ Aposia: Ausência de sede. Adipsia
¨ Aptialismo: deficiência ou ausência de saliva
¨ Sialorréia: salivação excessiva
Olhos
¨ Anisocoria: desigualdade de diâmetro das pupilas
¨ Ablepsia: cegueira
¨ Ambliopia: diminuição da acuidade visual
¨ Aniridia: ausência ou falha da íris
¨ Blefarite: inflamação das pálpebras
¨ Diplepia: visão dupla
¨ Midríase: dilatação da pupila
¨ Miose: contração da pupila
¨ Ptose palpebral: queda das pálpebras

Tributo ao Intensivista

terça-feira, 30 de junho de 2009

rcp com dois socrristas

Protocolo de ressuscitação cardiopulmonar

ATUALIZAÇÃO DO PROTOCOLO DE RESSUSCITAÇÃO
CARIDOPULMONAR PARA ENFERMEIROS


RESUMO: A doença cardiovascular é a principal causa de morte entre homens,
mulheres e crianças em todo o mundo, este fato é sem duvida uma das maiores
preocupações entre os seres humanos. Existem relatos da ressuscitação cardiopulmonar
desde a Antiguidade, onde muitos avanços têm acontecido nos últimos anos contribuindo
para que muitas vidas possam ser salvas. O presente estudo objetiva qualificar os
profissionais da Enfermagem a desenvolver as manobras de ressuscitação
cardiopulmonar de forma consciente, rápida e eficaz, compreendendo a importância da
sua realização no tempo certo.Quanto à metodologia utilizada para o presente artigo, fezse
uso da revisão bibliográfica
.
INTRODUÇÃO
A preocupação com a morte é uma questão eterna e universal. Desde o
início da história do homem, a morte esteve envolta em uma atmosfera mística e
mágica, mas somente no século XVIII, começou-se a considerar a possibilidade
científica de que a ressuscitação seria possível (PHTLS,1999).
Foram necessários muitos anos até que as manobras de ressuscitação
fossem desenvolvidas.
Poucas circunstâncias na medicina evocam tanta emoção e ansiedade
quanto às decisões agressivas, incondicionais de ressuscitar.
A maioria dos esforços de ressuscitação são iniciados como indicação de
momento, usualmente inesperadamente, usualmente sem nenhum planejamento
prévio e muitas vezes com pouco conhecimento a respeito do paciente envolvido
(CIVETTA, TAYLOR, KIRBY,1992).
Doenças do coração são responsáveis por muitas mortes em todo o
mundo.
Sabemos que o sucesso na recuperação de uma parada cardíaca
respiratória (PCR) depende de uma série de intervenções, dentro e fora dos
hospitais.
Se uma dessas ações for negligenciada, a recuperação da vítima poderá não
acontecer de forma adequada, deixando alterações neurológicas irreversíveis.
(CIRCULATION, 2006).
A PCR possui várias causas, dentre as mais comuns cita-se a obstrução
de vias aéreas por corpos estranhos ou queda da base da língua, o choque
elétrico, overdose de drogas, choque hemorrágico e ataque cardíaco
(GUIDELINE, 2005).
As manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) devem ser
empregadas somente quando for constatada PCR simultaneamente.
Segundo Erazo, a constatação dessas condições deve ser feita pelo
socorrista durante o exame primário (ABCD).
Existem referências históricas das manobras de RCP que datam desde a
Antiguidade.
A equipe deve estar treinada e capacitada para a sua realização, pois
está técnica deve ser desempenhada com seriedade absoluta, onde os fatores
tempo x vida são essenciais.
O objetivo desse trabalho é qualificar os profissionais da Enfermagem
para realização da RCP de forma correta e eficiente, onde os profissionais dessa
área devem conhecer a técnica a ser empregada, verificar se realmente há a
necessidade da realização da técnica, compreender os sinais da equipe, conhecer
a medicação a ser utilizada e seus efeitos, aprender a comandar a sua equipe,
fazer a reanimação até que se tenha certeza do óbito do paciente, o qual é
anunciado pelo médico responsável.
Quanto a metodologia adotada para o desenvolvimento da presente
pesquisa, foi selecionado o método de revisão bibliográfica.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A American Heart Association (AHA) é uma entidade americana
responsável por grande parte dos protocolos de primeiros socorros e emergências
médicas que são utilizados no mundo.
Através de pesquisas muito bem fundamentadas, a AHA é responsável
pelas atualizações neste protocolo.
A RCP é um conjunto de procedimento utilizados na vitima de PCR, na
tentativa de restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea
(OLIVEIRA,PAROLIN, TEIXEIRA, 2004).
Antes de se começar as manobras de ressuscitação, devemos posicionar a
vítima em superfície plana, verificar as via aéreas, conferir se elas estão
desobstruídas, pois as massagens não serão eficientes se não houver a entrada
de oxigênio no pulmão (SANTOS, 1999).
A primeira fase da RCP pode ser desenvolvida com ou sem equipamentos
especiais, portanto pode ser desenvolvida com ou sem a presença do médico.
Já a segunda fase da RCP obriga a presença do médico, pois envolve
conhecimentos e treinamentos especiais.
As cinco principais modificações introduzidas nas diretrizes de 2005 são:
maior ênfase e recomendações para melhorar a aplicação de compressões
torácicas; uma única medida para a compressão-ventilação para todos os
socorristas quando sozinhos e todas as vítimas (exceto recém-nascidos);
recomendação de que toda a respiração no RCP deve ser dada acima de 01
segundo e produzir elevação visível do tórax; novas recomendações de que, a
cada choque, deve seguir imediatamente RCP, sendo usada para atender
desfibrilação em caso de fibrilação ventricular (FV) e parada cardíaca súbita
(PCS), a checagem do pulso e ritmo só devem ser feitas após 02 minutos de
execução de RCP e respaldo a recomendação do International Liaison Committe
on Resuscitation (ILCOR,2005) para o uso de Desfibrilador Automático Externo
(DAE) em crianças de 01 a 08 anos (e mais velhas), usando uma redução da dose
para crianças se disponível.
A COMPRESSÃO DO TÓRAX DEVE SER EFICIENTE
Compressões do tórax eficientes produzem fluxo no sangue durante a
RCP.Para realizar compressões eficientes os socorristas devem “comprimir com
força, comprimir rápido”.A compressão do tórax deve atingir taxas de 100
compressões por minuto (AHA, 2005).
Permitir o retorno completo do tórax para a posição normal após cada compressão
e faça aproximadamente compressões e tempos de relaxamento iguais;
Tentar limitar o tempo de interrupções nas compressões, toda vez que você
pára as compressões, o fluxo sanguíneo também pára.
Antes a importância na qualidade e nas taxas de compressões, não eram tão
enfatizadas. Quando há PCS, não há fluxo de sangue. As compressões torácicas
criam um pequeno fluxo para os órgãos vitais, como o cérebro e miocárdio.
Quanto mais profundas, tanto melhor o fluxo.
COMPRESSÃO-VENTILAÇÃO
A AHA recomenda a medida de compressão-ventilação 30:2 para todos os
socorristas para vítimas de todas as idades (exceto recém-nascidos).
Segundo Frisoli, a medida de compressão-ventilação para adultos recomendada
era de 15:2 em adultos. Durante os primeiros minutos de uma FV em uma PCS, a
ventilação é provavelmente menos importante do que as 5 compressões torácicas.
A maioria das crianças e lactentes, as vítimas de afogamento, overdose de
drogas e trauma que desenvolvem PCS, o fazem devido a hipóxia.
RECOMENDAÇÕES PARA VENTILAÇÃO DE 01 SEGUNDO DURANTE O RCP
Cada ventilação na RCP deve durar 1 segundo ou mais.
Esta recomendação se aplica a todos os socorristas. Onde eles devem
prover o número de ventilações recomendadas e devem evitar o emprego de mais
ventilações do que o recomendado ou ventilações muito compridas ou muito
fortes.
Segundo Timerman, muitos volumes diferentes de ventilações eram
recomendados com ou sem oxigênio. Ventilações deveriam ser empregadas em 1
segundo ou acima de 1 e entre 2 segundos.
Durante a RCP o fluxo de sangue para os pulmões é muito menor do que o
normal, por isso a vítima necessita de menos ventilação do que o normal. De fato,
durante os ciclos de RCP, é importante reduzir o tempo usado para o emprego
das ventilações para reduzir a interrupção das compressões.
Alem disso, o emprego de ventilações muito fortes ou muito volumosas pode
causar problemas gástricos e complicações posteriores.
DESFIBRILAÇÃO
As mudanças foram feitas para amenizar as interrupções nas compressões
do tórax (GUIDELINE,2005).
A desfibrilação imediata é apropriada para todos socorristas atendendo a
um colapso súbito testemunhado com DAE no local (para vítimas maiores ou
iguais 1 ano de idade).Compressões antes da desfibrilação devem ser
consideradas quando da chegado do serviço médico de emergência à cena do
colapso súbito, é maior do que a 4 ou 5 minutos depois da chamada.
Um choque seguido de RCP imediato iniciando com compressões do tórax
é utilizado para a realização de desfibrilação.O ritmo é checado depois de 5 ciclos
de RCP ou 2 minutos (CIRCULATION, 2005).
Para realizar desfibrilação em um adulto a dose usada em um desfibrilador
manual monofásico é de 360 J.
Quando qualquer socorrista testemunha uma parada cardíaca em adulto e
um DAE e está imediatamente desprovido no local, o socorrista deve usar o DAE
assim que possível. Quando qualquer socorrista profissional testemunha um
colapso súbito em criança, o socorrista deve acionar (ou) mandar alguém acionar
o sistema de emergência ou telefone de emergência e deve iniciar o RCP e
colocar o DAE na vitima assim que possível. Quando usando o DAE para uma
criança sem resposta a qual não foi testemunhado o colapso, o socorrista deve
executar 5 ciclos ou cerca de 2 minutos de RCP antes de usar o DAE. Quando o
pessoal do serviço médico de emergência chega ao local da ocorrência fora do
hospital em que uma parada cardíaca não foi testemunhada, é razoável que eles
executem cerca de 5 ciclos (cerca de 2 minutos) de RCP antes de chegar o ECG
ritmo e executar a desfibrilação.
RCP IMEDIATO APÓS O PRIMEIRO CHOQUE PARA TENTATIVA DE
DESFIBRILAÇÃO
Para o tratamento de parada cardíaca associada com FV ou taquicardia
ventricular sem pulso, o manual de 2005 recomenda o emprego de 1 choque
simples seguido imediatamente de um período de RCP, iniciando com
compressões. Os socorristas não devem interromper as compressões para checar
a circulação (ex: avaliar ritmo ou pulso),até que 5 ciclos ou aproximadamente 2
minutos de RCP tenham sido fornecidos após o choque. Estas recomendações
podem ser modificadas na situação interna do hospital, particularmente quando
eletrocardiografico ou monitoramento hemodinâmico está presente (AHA, 2005).O
uso de uma seqüência “empilhada” de 3 choques era recomendado, sem a
interposição de compressões no tórax para o tratamento de fibrilação ventricular
com taquicardia ventricular sem pulso. Choques repetidos eram necessários com
desfibriladores monofásicos porque o primeiro choque freqüentemente era sem
sucesso e muitos choques tipicamente eram necessários para eliminar a fibrilação
ventricular.
Antes a dose recomendada para o choque de inicial usando um desfibrilador
monofásico no tratamento de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem
pulso em adultos era de 200 J. A segunda dose recomendada era de 200 a 300 J,
e a dose recomendada para terceira e subseqüentes era de 360 J (OTTO,1993).
Já diante de um desfibrilador bifásico a dose do choque inicial selecionada
para adultos é 150 J a 200 J. A segunda dose deve ser a mesma ou maior. O
aumento ou não da intensidade da energia do choque bifásico pode ser usado
com segurança e eficiência para eliminar a fibrilação ventricular de curta ou longa
duração. Se o socorrista não é familiarizado com a dose especificada do aparelho
a recomendação consensual é de que o uso da dose deve ser de 200 J.
SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM PEDIATRIA
Tradicionalmente, o termo suporte básico de vida em pediatria (SBVP) tem
sido usado para referir-se ao fornecimento de RCP em crianças.
A AHA também recomenda a medida de compressão-ventilação de 30:2
para lactentes e crianças quando os socorristas estiverem sozinhos, e a relação
de 15:2 quando forem em dois socorristas.
Segundo Zideman, a medida de compressão–ventilação recomendada
antes para lactentes e crianças era de 5:1.
Segundo o ILCOR(2005), o DAE pode ser usado em crianças de 1 a 8 anos
de idade (ou mais velhas).Para crianças entre 1 e 8 anos de idade o socorrista
deve usar um DAE com um sistema atenuador de dose pediátrica se este estiver
disponível.
A dose inicial para realizar desfibrilação em bebês e crianças usando um
desfibrilador monofásico ou bifásico, continua sendo a primeira dose 2 J por kg e a
segunda e doses subseqüentes, 4 J por kg ( CLEMENTS,2000).
FARMÁCOS EMPREGADOS EM REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR
Os fármacos são usados para aumentar a perfusão coronariana, corrigir a
hipoxemia, aumentar o inotropismo cardíaco, aumentar a perfusão cerebral e
corrigir os distúrbios ácido-base e eletrolítico.Eles devem ser administrados o mais
rápido possível, de preferência durante a carga de desfibrilação (ATLS,1993).
Os medicamentos utilizados na RCP são: Oxigênio, cuja finalidade é reduzir a
hipoxemia, a adrenalina responsável pela restauração do tônus vascular,
propiciando um melhor fluxo sanguíneo, cerebral e coronariano, a vasopressina
que atua como vasoconstritor melhorando a perfusão coronariana, o bicabornato
de Sódio responsável pela correção da acidose metabólica ,a atropina utilizada na
bradicardia atua diretamente na função elétrica do coração), a lidocaína, um
anestésico,o cálcio que atua adversamente nas arritmias, os fármacos vasoativos
( noradrenalina, dopamina e dobutamina).
COMPLICAÇÕES DA RCP
Minimizados na realização correta da reanimação cardiorespiratória,
mesma assim podem ocorrer fratura de costela, fratura de esterno, pneumotórax,
hemotórax, contusões pulmonares, lacerações do fígado e baço, embolia
gordurosa e outros menos freqüentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente artigo, foram revisados os principais aspectos relacionados ao
Suporte Básico e Avançado de Vida.
A Parada Cardíaca representa a maior emergência médica com que
podemos nos deparar.
Em uma situação como essa, o diagnóstico rápido e a seqüência correta no
atendimento possibilita uma maior chance de sobrevivência.
O uso de fármacos específicos também pode melhorar a eficácia das
manobras buscando reanimar a vítima, principalmente se for administrado durante
a carga de desfibrilação.
Nesta pesquisa pude perceber o quanto é importante a atualização dos
profissionais que atuam nessa área, pois nunca sabemos quando, onde ou com
quem irá acontecer uma situação de emergência. É de fundamental importância o
treinamento e a orientação dos profissionais dentro e fora dos hospitais.
Precisamos estar preparados para atuar com seriedade nessas situações.
O novo protocolo de atendimento está sendo repassado aos hospitais de
forma gradual, porém nem todos os profissionais estão cientes das alterações,
principalmente no que se refere ao número de massagens cardíacas.
REFERÊNCIAS
AHA, American Heart Association
ATLS, Advanced Trauma Life Support –Course for Physicians by American

cardioversão e desfibrilação

Diferenças Básicas Entre Cardioversão e Desfibrilação Elétrica


A desfibrilação e a cardioversão elétrica são procedimentos terapêuticos que salvam vidas e seu uso não se limita apenas a profissionais da área da saúde, podendo ser utilizados também por leigos treinados em situações selecionadas (desfibrilação externa automática DEA). Estudos demonstram que em 85% dos pacientes que apresentaram Taquicardia Ventricular (TV) e Fibrilação Ventricular (FV) e que foram tratados com desfibrilação precoce tiveram preservadas suas funções cerebrais e cardíacas.
A desfibrilação elétrica é um procedimento terapêutico que consiste na aplicação de uma corrente elétrica contínua NÃO SINCRONIZADA, no músculo cardíaco. Esse choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do miocárdio, tornando possível a reversão de arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao nó sinusal retomar a geração e o controle do ritmo cardíaco.
A cardioversão elétrica é um procedimento na maioria das vezes eletivo, em que se aplica o choque elétrico de maneira SINCRONIZADA, ou seja, o paciente deve estar monitorado no cardioversor e este deve estar com o botão de sincronismo ativado, pois a descarga elétrica é liberada na onda R, ou seja, no período refratário.
Um cuidado importante no momento da desfibrilação, é checar se o botão de sincronismo está DESATIVADO, pois como em situações de FV/TV não temos o registro de onda R e se o aparelho estiver programado para cardioverter, o choque não será administrado.
Indicações
A desfibrilação elétrica é indicada apenas nas situações de FV e TV sem pulso,
A cardioversão elétrica é indicada nas situações de taquiarritmias como a fibrilação atrial (FA), flutter atrial, taquicardia paroxística supraventricular e taquicardias com complexo largo e com pulso.
Tipos de Desfibriladores<
Desfibrilador externo automático (DEA)- utilizado por leigos no atendimento a PCR. O equipamento quando corretamente instalado no paciente, tem a capacidade de ler o traçado eletrocardiográfico e indicar ou não o choque
Desfibrilador monofásico
Desfibrilador bifásico
O módulo Cardioversão está embutido no aparelho de desfibrilador. A diferença é que para se ter a modalidade de cardioversão elétrica, deve-se acionar o botão de SINCRONISMO do aparelho e manter o paciente monitorado nele.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aspiração traqueal circuito fechado

terminologias mais utilizadas em uti

AAA - Aneurisma de aorta abdominal
AAI - Abdome agudo inflamatório
AAP - Abdome agudo perfurativo
AIT - Acidente isquêmico transitório
AU - Altura uterina
AVC - Acidente vascular cerebral
AVCH - Acidente vascular cerebral hemorrágico
AVCI - Acidente vascular cerebral isquêmico
BAV - Bloqueio atrioventricular
BAVT - Bloqueio atrioventricular total
BCE - Broncoespasmo
BCF - Batimento cárdio-fetal
BCP - Broncopneumonia
BEG - Bom estado geral
BI - Bomba de infusão
BI - Bolsa íntegra
CAPD - Diálise peritoneal ambulatorial contínua
CEC - Circulação extracorpórea
CIA - Comunicação intra-arterial
CID - Comunicação intravascular disseminada
CINE - Cinecoronariografia
CIV - Comunicação intraventricular
CIVD - Coagulação intravascular disseminada
CT - Tomografia computadorizada
D - Indicação do lado direito
DC - Débito cardíaco
DDH - Decúbito dorsal horizontal
DLD ou DLE - Decúbito lateral direito ou
esquerdo respectivamente
DM - Diabetes mellitus
DMH - Doença da membrana hialina
DNV - Distúrbio neurovegetativo
DPC - Desnutrição protéico calórica
DPI - Diálise peritoneal intermitente
DPOC - Doença pulmonar obstrutiva crônica
DPP - Data provável do parto
DPP - Descolamento prematuro da placenta
DU - Dinâmica uterina
DUM - Data da última menstruação
DVP - Derivação ventrículo-peritoneal
E - Indicação do lado esquerdo
EAO - Estenose Aortica
EAP - Edema agudo de pulmão
EDA - Endoscopia digestiva alta
EDB - Endoscopia digestiva baixa
ELA - Esclerose lateral amiotrófica
ESV - Extrassístole supraventricular
EV - Infusão endovenosa
FA - Fibrilação atrial
FAB - Ferimento por arma branca
FAF - Ferimento por arma de fogo
FC - Freqüência cardíaca
FCC - Ferimento corto-contuso
FD ou FE - Flanco direito ou esquerdo
FR - Freqüência respiratória
FV - Fibrilação ventricular
GECA - Gastroenterocolite aguda
GO - Ginecologia e obstetrícia
HAS - Hipertensão arterial sistêmica
HDA - Hemorragia digestiva alta
HDB - Hemorragia digestiva baixa
HIC - Hipertensão intracraniana
HP - Hipertensão pulmonar
IAM - Infarto agudo do miocárdio
IC - Índice cardíacoICC - Insuficiência cardíaca congestiva
ICO - Insuficiência coronariana obstrutiva
ID - Intradérmica
IG - Idade gestacional
IM - Intramuscular
IMC - Índice de massa corpórea
IMO - Insuficiência de múltiplos órgãos
IRA - Insuficiência renal aguda
IRC - Insuficiência renal crônica
ITU - Infecção do trato urinário
IU - Incontinência urinária
IVA - Infecção de vias aéreas
IVAS - Infecção de vias aéreas superiores
LER - Lesão por esforços repetitivos
LLA - Leucemia linfóide aguda
LLC - Leucemia linfóide crônica
LMA - Leucemia mieloide aguda
LMC - Leucemia mieloide crônica
MEG - Mal-estar geral
MF - Movimentação fetal
MID ou MIE - Membro inferior direito ou
esquerdo respectivamente
MMHg - Milímetros de mercúrio
MMII - Membros inferiores
MMSS - Membros superiores
MPP - Má perfusão periférica
MSD ou MSE - Membro superior direito ou
esquerdo respectivamente
NA - Não aplicável
NI - Não investigado
NM - Neoplasia maligna
NPT - Nutrição parenteral total
OAC - Obstrução arterial crônica
OFIU - Óbito fetal intra-uterino
PA - Pressão arterial
PAD - Pressão de átrio direitoPAF - Perfuração por arma de fogo
PAM - Pressão arterial média
PAP - Pressão de artéria pulmonar
PC - Paralisia cerebral
PCA - Bomba de Infusão para Analgesia Controlada
PCP - Pressão capilar pulmonar
PCR - Parada cardiorespiratória
PE - Prescrição de enfermagem
PM - Prescrição médica
PMD - Psicose maníaco depressivo
PO - Pós-operatório
POI - Pós-operatório imediato
POT - Pós-operatório tardio
PRES - Presente
PSO - Pronto socorro obstétrico
PT - Pré-termo
PV - Perdas vaginais
PVC - Pressão venosa central
QT - Quimioterapia
RA - Sala de Recuperação Anestésica
RCP - Ressuscitação cardiorespiratória
RGE - Pefluxo gastroesofagiano
RL - Soro Ringer Lactato
RM - Ressonância magnética
RN - Recém-nascido
RNT - Recém-nascido de termo
RPP - Regular perfusão periférica
RTX - Radioterapia
RVS - Resistência vascular periférica
RX - Raio x
SaO2 - Saturação de oxigênio arterial
SARA - Síndrome da angústia respiratória do adulto
SARC - Síndrome da angústia respiratória da criança
SARF - Síndrome da angústia respiratória fetal
SC - Subcutânea
SC - Superfície corpórea
SCD ou SCE - Subclávia direita ou esquerda
SF - Soro fisiológico
SG - Soro glicosado
SIRS - Síndrome de resposta inflamatória sistêmica
SNC - Sistema nervoso central
SNE - Sonda nasoenteral
SNG - Sonda nasogástrica
SO - Sala Operatória
SpO2 - Saturação de oxigênio periférica
SSVV - Sinais vitais
SV - Sonda vesical
SvcO2 - Saturação de oxigênio da veia subclávia
SVD - Sonda vesical de demora
SvO2 - Saturação de oxigênio da artéria pulmonar
TAA - Trombose arterial aguda
TB - Tuberculose
TCE - Traumatismo crânio encefálico
TEMP - Temperatura
TEP - Tromboembolismo pulmonar
TIA - Ataque isquêmico transitório
TP - Trabalho de parto
TRO - Terapia de rehidratação oral
TSV - Taquicardia supraventricular
TVP - Trombose venosa profunda
TX - Transplante
TX-CD - Transplante com doador morto
TX-VI - Transplante com doador vivo
TXR - Transplante renal
USG - Ultra-sonografia
VJD ou VJE - Veia jugular direita ou esquerda
VO - Via oral

eletrocardiograma





I- Critérios Eletrocardiográficos para Caracterização das Arritimias

As arritmias cardíacas são distúrbios ocasionados por alterações na formação e/ou condução do impulso elétrico através do tecido do miocárdio, podendo, assim, modificar a origem e/ou a difusão fisiológica do estimulo elétrico do coração, motivo pelo qual têm no eletrocardiograma o método de escolha para seu estudo e diagnóstico. As alterações na velocidade da propagação do estimulo elétrico, isoladamente, levando a bloqueios dos fascículos ou ramos, não são consideradas arritmias cardíacas.
Obs: Para protocolos, textos científicos longos com várias repetições de palavras e fontes de procura para frases de laudos completas em sistemas computadorizados, sugerimos as siglas colocadas entre parênteses após as denominações padrões utilizadas para diagnóstico.

A. Ritmo sinusal e arritmias cardíacas

1. Ritmo sinusal (RS) - É o ritmo fisiológico do coração, que se origina no átrio direito alto, e, por isso, é visualizado no ECG de superfície pela presença de ondas P positivas nas derivações inferiores, com orientação vetorial média de 60 graus. Pode variar entre –30 e +90 graus, sendo monofásico em DII, com duração inferior a 110 ms e amplitude máxima de 3 mm. Podem ocorrer modificações em sua morfologia em função da freqüência cardíaca.
2. Taquicardia sinusal (TS) - Esta situação é definida quando a FC for superior a 100 bpm.
3. Bradicardia sinusal (BS) - Trata-se de situação definida quando a freqüência cardíaca for inferior a 50 bpm.
4. Arritmia sinusal (AS) - Em tal situação, geralmente fisiológica, existe uma variação na freqüência do ritmo sinusal, que pode ser fásica (relacionada à respiração) e não fásica (sem relação com a respiração). O tônus do sistema nervoso autônomo tem grande importância na gênese dessa arritmia. No idoso com coronariopatia, pode ser secundária à isquemia miocárdica.
5. Parada sinusal (PS) - Corresponde a uma pausa na atividade sinusal superior a 1,5 vezes o ciclo PP básico. Começa a ter importância clínica quando maior de 2,0 seg.
6. Bloqueio sinoatrial do segundo grau tipo I (BSAI) - Nesta situação, o ciclo PP diminui progressivamente até ocorrer um bloqueio de saída e, com isso, ausência de inscrição eletrocardiográfica de onda P no traçado.
7. Bloqueio sinoatrial do segundo grau tipo II (BSAII) -Nesse caso, o ciclo PP é constante, ocorrendo um bloqueio de saída perissinusal e, com isso, ausência de inscrição de onda P e um ciclo PP com valores de cerca de duas vezes o ciclo PP básico prévio.

B. Outras arritmias de origem supraventricular

São consideradas arritmias de origem supraventricular aquelas que se originam acima da junção entre o nó AV e o feixe de His, ou seja, átrio e nó AV. Será utilizada a identificação do local de origem sempre que possível. Quando isso não for possível, será empregada a denominação genérica de supraventricular.
8. Ritmo atrial ectópico (RAE) - Trata-se de ritmo de origem atrial em localização diversa da região anatômica do nó sinusal.
9. Batimento(s) de escape atrial (BEA) - Este batimento(s) de origem atrial, origina(m)-se em região diversa do nó sinusal como conseqüente(s) à inibição temporária do nó sinusal; sendo gerado(s) para suprimir a ausência da atividade sinusal.
10. Extra-sístole atrial (EA) - Tal batimento ectópico de origem atrial, precoce, pode reciclar o ciclo PP basal. Usa-se a sigla EEAA para o plural e ESV para a supraventricular.
11. Extra-sístole atrial não conduzida (EANC) - O batimento ectópico de origem atrial não consegue ser conduzido ao ventrículo, não gerando, com isso, complexo QRS no eletrocardiograma. A não condução pode ser conseqüência de precocidade acentuada e, dessa forma encontrar o sistema de condução intraventricular em período refratário, ou da presença de doença no sistema de condução His-Purkinje.
12. Taquicardia atrial multifocal. - São consideradas duas formas: a) Ritmo atrial multifocal (RAM): o ritmo é originado em focos atriais múltiplos, com freqüência cardíaca inferior a 100 bpm, visível eletrocardiograficamente pela presença de, pelo menos, 3 morfologias de ondas P. Os intervalos PP e PR, freqüentemente, são variáveis, podendo ocorrer ondas P bloqueadas; b) Taquicardia atrial multifocal(TAM): apresenta as mesmas características do RAM, exceto que a freqüência atrial é superior a 100bpm.
13. Taquicardia atrial focal sustentada (TAFS) - Apresenta ritmo atrial originado em região diversa do nó sinusal, com freqüência superior a 100 bpm e duração maior que 30 seg. É visível eletrocardiograficamente, pela presença de P de morfologia distinta da P sinusal.
14. Taquicardia atrial focal não sustentada (TAFNS) -Este ritmo atrial origina-se em região diversa do nó sinusal, com freqüência superior a 100 bpm e duração menor que 30 seg. É visível, eletrocardiograficamente, pela presença de P de morfologia distinta da P sinusal.
15. Fibrilação atrial (FA) - Trata-se de ritmo secundário à ausência de atividade elétrica atrial organizada, visível eletrocardiograficamente por uma linha de base que pode se apresentar isoelétrica, com irregularidades finas, grosseiras, ou por um misto dessas alterações. A atividade elétrica atrial desorganizada leva a freqüências cardíacas irregulares e, com isso, a ciclos RR não constantes. A atividade elétrica atrial na fibrilação atrial é vista eletrocardiograficamente, através das ondas "F", que possuem freqüência entre 450 e 700 ciclos por minuto.
16. Flutter atrial comum - típico ou tipo I - (FluAC) - O ritmo secundário à atividade elétrica organizada forma um macrocircuito reentrante, que se propaga ao longo das paredes do átrio direito.O circuito pode apresentar duas direções de ativação: a)Sentido anti-horário: é a forma mais comum (90% casos), em que a frente de onda desce pela parede anterior e lateral e sobe pela parede posterior e septal do AD, com freqüência entre 240 e 340 bpm. O ECG apresenta um padrão característico de ondas "F", com aspecto de dentes de serrote, negativas nas derivações inferiores e, geralmente, positivas em V1 (ocasionalmente, podendo ser bifásica ou negativa). Caracteristicamente, as ondas "F" nas derivações DI e aVL são de baixa voltagem. A presença de resposta ventricular elevada (condução 1:1 ou 2:1) pode dificultar a visualização eletrocardiográfica das ondas "F". Graus variados de bloqueio AV podem ocorrer no traçado, sendo que bloqueios superiores a 3:1 facilitam a visualização eletrocardiográfica das ondas "F". b)Sentido horário ou reverso: ocorre em 10% casos. A frente de ativação atrial se faz em sentido inverso ao do anterior. É também denominado flutter atrial típico, porque o circuito é o mesmo, muito embora o sentido seja reverso.O ECG apresenta ondas "F" alargadas e positivas nas derivações inferiores e negativa em V1 (sinal mais específico).
17. Flutter atrial incomum - atípico ou tipo II - (FluAI) - Esta forma apresenta o padrão característico ondulado do flutter, mas sem preencher os critérios diagnósticos da forma comum. O ritmo é, geralmente, instável, podendo reverter para a forma comum ou degenerar em fibrilação atrial. A freqüência do flutter é maior, entre 350 e 450 bpm. A manobra de massagem do seio carotídeo pode aumentar o grau de bloqueio e facilitar a visualização eletrocardiográfica das ondas "F".
18. Ritmo juncional de escape (RJE). - Trata-se de ritmo de suplência originado na junção AV, com freqüência inferior a 50 bpm.
19. Ritmo juncional ativo (RJA) - Este ritmo de suplência origina-se na junção AV, com freqüência superior a 50 bpm
20. Extra-sístole(s) juncional (is) (EJ) - Apresenta(m)-se como batimento(s) ectópico(s) originado(s) na junção AV, diferenciado(s) de batimentos de escape pela sua precocidade, pois não é ritmo de suplência. É visível eletrocardiograficamente pela ausência de atividade atrial pregressa e QRS de morfologia similar ao do ritmo basal com condução AV.
21. Ritmo juncional (RJ) - O ritmo de suplência ou de substituição origina-se na junção AV com QRS de mesma morfologia do ritmo basal com condução AV.
22. Taquicardia por reentrada nodal típica (TRN) - Esta taquicardia é originada no nó sinusal, secundária à reentrada nodal, com circuito utilizando a via rápida no sentido ascendente e a via lenta no sentido descendente. Se o QRS basal for normal, durante a taquicardia, poderemos notar ondas "s" em parede inferior e "r" primo em V1, que refletem a ativação atrial no sentido nó AV/nó sinusal. Essa ativação retrógrada atrial deve ocorrer em até 100 ms após o início do QRS, muitas vezes dentro do QRS e, dessa forma, não visualizada no ECG.
23. Taquicardia por reentrada nodal atípica (TRNA) - O local de origem e o circuito são similares à TRN típica, mas o sentido de ativação é inverso, motivo pelo qual a ativação atrial retrógrada se faz temporalmente mais tarde, sendo visualizada após 100 ms.
24. Taquicardia por reentrada atrioventricular ortodrômica (TRAVO) - Esta taquicardia por reentrada utiliza o sistema de condução no sentido anterógrado e a via acessória no sentido retrógrado, com isso, o QRS da taquicardia é igual ao do ECG basal do paciente. Poderemos ter uma morfologia diversa da onda P retrógrada na dependência da localização da via acessória.
25. Taquicardia por reentrada atrioventricular antidrômica (TRAVA) - A taquicardia por reentrada utiliza a via acessória no sentido anterógrado e o sistema de condução no sentido retrógrado, com isso, o QRS é aberrante e diverso do ECG basal do paciente. O diagnóstico diferencial deve ser feito com taquicardia ventricular. A visualização da despolarização atrial retrógrada 1:1 é importante para o diagnóstico de via acessória, e a dissociação AV, para o de taquicardia ventricular.
26. Taquicardia bidirecional (TB) - Trata-se de taquicardia de origem supraventricular que, ao conduzir-se para o ventrículo, apresenta um sistema de condução com o ramo direito bloqueado constantemente e as divisões anterior e posterior do ramo esquerdo com bloqueios alternantes, batimento a batimento. Eletrocardiograficamente, um batimento com QRS positivo e outro com QRS negativo se alternam sucessivamente, dando o aspecto bidirecional. Esta arritmia se relaciona a quadros de intoxicação digitálica e também pode ter uma origem exclusiva ventricular.

C. Arritmias ventriculares:

27. Parassístole ventricular (PV) - Corresponde a batimento originado no ventrículo em foco que compete com o ritmo fisiológico do coração (marcapasso paralelo que possui bloqueio de entrada e de saída), sendo visível eletrocardiograficamente por apresentar freqüência própria, batimentos de fusão e períodos de acoplamento variáveis.
28. Ritmo idioventricular de escape (RIV) - Este ritmo originado no ventrículo (QRS alargado) tem FC inferior a 40 bpm., ocorrendo em substituição a ritmos anatomicamente mais altos que foram inibidos temporariamente.
29. Batimento(s) de escape ventricular (es) (BEV) -O(s) batimento(s) de origem ventricular (es), tardio(s) por ser (em) de suplência, surge(m) em conseqüência da inibição temporária de ritmos anatomicamente mais altos.
30. Ritmo idioventricular acelerado (RIVA) - Este ritmo origina-se no ventrículo (QRS alargado), tendo FC superior a 40 bpm, em conseqüência de automatismo aumentado. Compete com o ritmo basal do coração, Não é ritmo de suplência, é auto limitado e costuma estar relacionado à isquemia miocárdica.
31. Extra-sístole ventricular (EV) - Apresenta-se como batimento originado no ventrículo, precocemente, com pausa pós-extra-sistólica, quando recicla o intervalo RR. Caso não ocorra modificação no intervalo RR, é chamada de extra-sístole interpolada. Se possuidora da mesma forma eletrocardiográfica, deve ser denominada de monomórfica e, se tiver formas diversas, de polimórfica. De acordo com sua freqüência, pode ser classificada em isolada, pareada, em salva, bigeminada, trigeminada, quadrigeminada, etc. Deve ser abreviada com a sigla EV e, no plural, EEVV.
32. Batimento(s) de fusão (BF) - Corresponde(m) a batimento(s) originado(s) no ventrículo, tardio, que se funde(m) com o batimento do ritmo fisiológico do coração. Eletrocardiograficamente, possui(em) onda P, seguida de QRS alargado, que é a soma elétrica do batimento supraventricular com a extra-sístole ventricular.
33. Captura de batimento(s) supraventricular (es) durante ritmo ventricular. - Trata-se de batimento(s) originado(s) no átrio que consegue(m) ultrapassar bloqueio de condução (anatômico ou funcional) existente na junção AV e despolarizar o ventrículo.
34. Taquicardia ventricular sustentada monomórfica (TVSM) - O ritmo ventricular tem morfologia uniforme, freqüência superior a 100 bpm e duração maior de 30s.
35. Taquicardia ventricular sustentada polimórfica (TVSP) - Mostra ritmo ventricular com QRS de morfologia variável, freqüência superior a 100 bpm e duração superior a 30s.
36. Taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) - Apresenta ritmo ventricular repetitivo, com 3 ou mais batimentos consecutivos, autolimitado, com duração inferior a 30s e FC superior a 100 bpm.
37. Taquicardia ventricular tipo torsades de pointes (TdP) - Trata-se de taquicardia com QRS largo, polimórfica, autolimitada, com QRS "girando" em torno da linha de base. Geralmente, é precedida por ciclos: longo-curto (extra-sístole -batimento sinusal- extra-sístole) e QT longo, que pode ser congênito ou secundário a fármacos.
38. Fibrilação ventricular (FV) - Eletrocardiograficamente, caracteriza-se por ondas bizarras, caóticas, de amplitude e freqüência variáveis. Este ritmo pode ser precedido de taquicardia ventricular ou torsades de pointes, que degeneraram em fibrilação ventricular. Clinicamente, corresponde à parada cardiorrespiratória.

D. Condução atrioventricular

39. Bloqueio AV de primeiro grau (BAVI) - Nesta situação, o intervalo PR é superior a 0,20 s em adultos para FC inferiores a 90 bpm. Este intervalo PR varia de acordo com a FC e a idade, existindo tabelas de correção.
40. Bloqueio AV de segundo grau tipo Mobitz I (com fenômeno de Wenckebach) (BAVII-MI) - Nesta situação, o alentecimento da condução AV é gradativo. Existe aumento progressivo do intervalo PR, sendo tais acréscimos gradativamente menores, até que a condução AV fique bloqueada e um batimento atrial não consiga ser conduzido. Pode ocorrer repetição desse ciclo por períodos variáveis, quando é possível notar que o intervalo PR que sucede o batimento bloqueado será o menor dentre todos e o que o sucede será o que terá maior aumento percentual em relação aos posteriores.
41. Bloqueio AV de segundo grau tipo Mobitz II (BAVII-MII) - Nesta situação, existe uma claudicação súbita da condução AV. Nota-se condução AV 1:1 com intervalo PR fixo e, repentinamente, uma onda P bloqueada, seguida por nova condução AV 1:1 com PR semelhante aos anteriores. A freqüência da claudicação pode ser variável, por exemplo, 5:4, 4:3, 3:2.
42. Bloqueio AV 2:1 (BAV2:1) - Caracteriza-se por situação em que, para cada dois batimentos de origem atrial, um é conduzido e despolariza o ventrículo, e outro é bloqueado e não consegue despolarizar o ventrículo. Esse diagnóstico necessita de um traçado eletrocardiográfico longo e pode denotar alto grau de bloqueio AV.
43. Bloqueio AV avançado ou de alto grau - Nesta situação, existe condução AV em menos da metade dos batimentos atriais, sendo em proporção 3:1, 4:1 ou mais. A presença de condução AV é notada pelo intervalo PR constante no batimento, que gera um QRS. A maior parte desses bloqueios se localiza na região infra His.
44. Bloqueio AV do terceiro grau ou BAV total (BAVT) - Neste caso, os estímulos de origem atrial não conseguem chegar aos ventrículos e despolarizá-los, fazendo com que um foco abaixo da região de bloqueio assuma o ritmo ventricular. Não existe, assim, correlação entre a atividade elétrica atrial e ventricular, o que se traduz no ECG por ondas P não relacionadas ao QRS. A freqüência do ritmo atrial é maior que a do ritmo de escape ventricular.
Pode ocorrer a captura ventricular ocasional de um batimento atrial, como captura atrial de um batimento ventricular (condução retrógrada). O bloqueio AV do terceiro grau pode ser intermitente ou permanente.
45. Bloqueio AV paroxístico (BAVP) - É o fenômeno da ocorrência de forma súbita e inesperada de uma sucessão de ondas P bloqueadas. Quando o bloqueio instala-se a partir de um encurtamento do ciclo sinusal, é denominado "fase 3", e quando decorre de um prolongamento deste ciclo, "fase 4".
46. Dissociação AV (DAV) - Ocorre presença de dois ritmos dissociados, sendo um atrial e, geralmente, sinusal com PP regular e outro com origem ventricular, sendo este com freqüência similar (dissociação isorrítmica) ou superior ao ritmo atrial. O ritmo ventricular pode ser hiperautomático e de substituição.
47. Ativação atrial retrógrada (AAR) - A ativação do átrio origina-se em estímulo ventricular com condução retrógrada. Eletrocardiograficamente, visualiza-se QRS alargado (origem ventricular), seguido de onda P com vetor caudo-cranial no plano frontal.
48. Extra-sístole atrial com aberrância de condução (EAAC) - Este batimento atrial, ao ser conduzido para o ventrículo, encontra dificuldade de propagação regional no sistema de condução. Eletrocardiograficamente, é reconhecido por apresentar onda P seguida de QRS com morfologia de bloqueio de ramo.
49. Condução intraventricular com padrão de pré-excitação (WPW) - Ocorre espaço PR curto com presença de onda delta, que demonstra padrão de despolarização ventricular precoce e anômala por via acessória. Em laudos mais complexos, pode ser colocada a provável localização anatômica da via acessória.
50. Alternância elétrica (AE) - Eletrocardiograficamente visualizada por apresentar QRS com amplitudes alternadamente maiores e menores, é constituída por alterações cíclicas e não relacionadas à respiração, em QRS sucessivos. Pode ocorrer em episódios de taquicardias paroxísticas com FC elevadas e em miocardiopatias com importante comprometimento ventricular.

E. Alterações no segmento ST e onda T

52. Alternância de onda T (AT) - Ocorrem modificações de forma, amplitude e, ocasionalmente, polaridade da onda T batimento a batimento. Traçados curtos de ECG dificultam o diagnóstico. Quando ocorrerem modificações cíclicas e não batimento a batimento, este diagnótico fica excluído.
53. Repolarização precoce (RP) - Caracteriza-se por supradesnivelamento do ponto J, fazendo com que o final do QRS não coincida com a linha de base, gerando um segmento ST de concavidade superior, mais visível em regiões inferiores e laterais do VE.
54. Intervalos QT e QTc prolongados (QT/QTc-longos) - Acontecem quando as medidas do intervalo QT estiverem acima de 500 ms e do QT corrigido pela FC, por meio da fórmula de Bazett, estiverem acima de 440 ms.
55. Anormalidades de ST-T compatíveis com alterações iônicas do tipo hipocalemia, hipercalemia, hipocalcemia, hipercalcemia e outros íons - Alterações iônicas intra e extracelulares modificam o segmento ST-T. Na presença evidente dessas alterações eletrocardiográficas, pode-se sugerir a sua etiologia no laudo.
56. Alterações de ST-T secundárias a fármacos de ação cardiovascular (digital,betabloqueadores, antiarrítmicos...) - Alguns fármacos, como digital, betabloqueadores e outros antiarrítmicos, podem levar a alterações do segmento ST-T. Em alguns casos, essas modificações são altamente sugestivas e podem ser apontadas no laudo.

II- Critérios Eletrocardiográfico para Caracterização das Sobrecargas das Câmaras Cardíacas
A. Sobrecarga ventricular esquerda (SVE)
A1. Presença de critérios de amplitude ou voltagem para SVE: Recomendados índices de Sokolow Lyon* e de Cornell**.
A2. Aumento discreto na duração do complexo QRS às custas de maior tempo de aparecimento do ápice do R nas derivações que observam o VE. Deflexão intrinsecóide ou tempo de ativação ventricular (TAV) 50ms.
A3. Alterações de repolarização ventricular nas derivações que observam o VE (D1, V5 e V6): a) onda T achatada (valor na fase precoce); b) padrão tipo strain: infradesnivelamento do segmento ST de convexidade superior e T negativa assimétrica.
A4. Critério indireto de SVE: presença de onda P com componente negativo (final lento e profundo) na derivação V1 (critério de Morris): profundidade x duração mm x segundo 0,03mm/s.

B. Sobrecarga ventricular direita (SVD)
B1. Presença de critérios de amplitude ou voltagem para SVD: R de V1 e V2de voltagem maior que o máximo para a idade (maior do que 7mm em V1 no adulto)
B2. S profundas nas derivações opostas V5 e V6. Complexos QRS de tipo RS ou rS nessas derivações
B3. Complexos de negatividade inicial, seguidos de R (qR) ou Rs (qRs) em V1 ou V1 e V2.
B4. Pequeno aumento na duração do QRS por aumento da deflexão intrinsecóide (50ms) nas derivações direitas V3 R, V1 e V2.
B5. Padrão trifásico (rsR'), com onda R` proeminente nas precordiais direitas V3 R, V1 e V2.
B6. Ausência do aumento progressivo da voltagem do r de V1 a V3.
B7. Ondas T positivas em V1 após os 3 dias de vida e até os 6 anos, quando a relação R/S nessa derivação é maior que 1.
B8. SÂQRS no plano frontal, localizado à direita de +110º no adulto.
B9. Sinais indiretos para SVD: a)Ondas P de aspecto apiculado e/ou de voltagem maior do que 2,5mm nas inferiores (P pulmonale); b) SÂP localizado à direita de + 65º.

C. Sobrecarga biventricular
C1. Complexos QRS isodifásicos amplos, de tipo R/S, nas precordiais intermediárias de V2 aV4 (fenômeno de Katz-Wachtel).
C2. SÂQRS desviado para a direita, associado a critérios de voltagem para SVE;
C3. ECG típico de SVD, associado a um ou mais dos seguintes elementos: a) ondas Q profundas em V5 e V6 e nas inferiores; b) R de voltagem aumentada em V5e V6; c) S de V1e V2 + R de V5e V6 com critério positivo de Sokolow; d) deflexão intrinsecóide em V6 = ou > do que 50ms.

III – Critérios Eletrocardiográficos para Caracterização dos Bloqueios Intraventriculares
A. Distúrbios de condução do ramo esquerdo
A.l. Bloqueio do ramo esquerdo A.1.a. Bloqueio do ramo esquerdo:duração QRS ³ 120 ms; ausência de "q" emD1, aVL, V5e V6; ondas R alargadas e com entalhes e/ou empastamentos médio-terminais em D1, aVL, V5e V6;onda " r" com crescimento lento em V1e V2,podendo ocorrer QS de V1 à V3; ondas S alargadas com espessamentos e/ou entalhes em V1e V2; TIDI (deflexão intrinsecóide) em V5e V6³ 50 ms; SÂQRS entre -30º e + 60 º; ST e T assimétrica em oposição ao retardo médio-terminal.
A.1.b. Distúrbio de condução do ramo esquerdo: duração QRS ³ 100 < 120 ms; ausência de "q" em D1, aVL, V5e V6e ondas R puras; e empastadas nas mesmas derivações; TIDI ³ 50 ms em V5e V6;ST/T com tendência à oposição em relação ao QRS.

B. Distúrbios de condução do ramo direito
B.1. Bloqueio do ramo direito B.1.a. Bloqueio do ramo direito: QRS ³ 120 ms; ondas S empastadas em D1, aVL, V5e V6;ondas qR em aVR com R empastada; rSR' ou rsR' em V1 com R' espessado;SÂQRS variável, tendendo para a direita; T assimétrica em oposição ao retardo final de QRS.

C. Bloqueios divisionais
C.1. Bloqueios divisionais do ramo esquerdo C. l.a. Bloqueio divisional ântero-superior esquerdo (BDASE): SÂQRS igual ou além de - 45º; rS em D2, D3e aVF com S3> S2;QRS com duração <> 45 ms ou qRs com "s" mínima em D1; qR em aVR com R empastado; diminuição de " r " de V1até V3e presença de s de V4a V6.
C.1.b. Bloqueio divisional ântero-medial esquerdo (BDAM): ondas R ³ 15mm em V2e V3ou desde V1, crescendo para as derivações precordiais intermediárias e diminuindo de V5para V6.Pode ocorrer salto de onda "r" de V1para V2 ("rS" em V1para R em V2). Todos esses critérios são válidos na ausência de HVD, hipertrofia septal ou infarto dorsal; duração do QRS < 120 ms, em geral, cerca de 100 ms; ausência de desvio do SÂQRS; T, na maior parte das vezes, negativa nas derivações precordiais direitas.
C. l.c. Bloqueio divisional póstero-inferior esquerdo (BDPIE): SÂQRS orientado para a direita além de +90º; qR em D2, D3e aVF com R3> R2e TIDI ³ 50 ms; rS em D1com duração < 120 ms; pode ocorrer diminuição da progressão de "r" de V1– V3; S de V2a V6.
C.2. Bloqueios divisionais do ramo direito C. 2.a. Bloqueio divisional ântero-superior direito (BDASD): rS em D2, D3e aVF com S2> S3com S< 10mm QRS < 120 ms com qRS em D1e aVL; presença de onda "s" em D1; SÂQRS entre - 45º e - 180º; S empastado em V1- V2/ V5 – V6ou, eventualmente, rSr' em V1 e V2; qR em avR com R empastado.
C. 2.b. Bloqueio divisional póstero-inferior direito (BDPID): onda R em D2>onda R de D3com R < 10mm rS em D1com duração < 120 ms; SÂQRS orientado para a direita de + 90º; rS em V1-V2com S empastado ou rSr'; qR em aVR com R empastado.

D. Bloqueios divisionais associados
D. 1. Ramo esquerdo D.l.a. Bloqueio do ramo esquerdo com SÂQRS orientado para esquerda: mesmas características descritas para o BRE, com SÂQRS orientado além de –30 º; possibilidade de ocorrer o padrão qR em aVL e ondas "s" em V5 e V6; ondas T podem, eventualmente, não se opor ao retardo do QRS em derivações esquerdas.
D.l.b. Bloqueio do ramo esquerdo com SÂQRS orientado para a direita: mesmas características descritas para o BRE, com SÂQRS orientado além de + 60º.
D. 2. Ramo direito D.2.a. Bloqueio do ramo direito associado ao bloqueio divisional ântero-superior do ramo esquerdo: padrões comuns aos bloqueios descritos individualmente; SÂQRS entre – 30 e –90º.
D.2.b. Bloqueio do ramo direito associado ao bloqueio divisional póstero-inferior do ramo esquerdo: padrões comuns aos bloqueios descritos individualmente; SÂQRS ³ + 90º.
D.3. Bloqueios divisionais esquerdos associados D.3.a. Bloqueios divisionais ântero-medial e ântero-superior esquerdos: mesmos critérios para os bloqueios individualmente, em associação.
D.3.b. Bloqueios divisionais ântero-medial e póstero-inferior esquerdos:mesmos critérios para os bloqueios individualmente, em associação.
D.4. Atraso final de condução (AFC) D.4.a A expressão atraso final de condução (AFC) poderá ser usada quando o distúrbio de condução no ramo direito for muito discreto. Nesta situação, não haverá desvio do eixo do QRS, alterações da repolarização e padrões rSr.
D.4.b A presença de atrasos finais de condução à direita pode se expressar pelas ondas s empastadas em aVR.
D.4.c. O AFC, quando tiver características definidas, eixo desviado e empastamentos evidentes, deve ser definido como bloqueio divisional do ramo direito.

IV – Critérios Elétrocardiográficos para a Caracterização de Isquemia, Lesão e Área Elétricamente Inativa
A. Isquemia
1. Isquemia subepicárdica - Alterações (primárias) da repolarização ventricular sugestivas de isquemia subepicárdica (onda T negativa, pontiaguda e simétrica) na área (localizada pela correlação com as derivações correspondentes aos eletrodos que exploram a isquemia, subdividida em parede anterior, inferior e dorsal): a) Anterior: a1) ântero-septal (V1, V2, V3, V4); a2) ântero-lateral (V4, V5, V6, D1 e aVL); a3) lateral alta (D1 e aVL); a4) anterior extensa (V1 a V6 e em D1 e aVL); b) Inferior: (D2, D3 e aVF); c) Dorsal: (V7 e V8 com imagem recíproca em V1, V2 e V3).
Diagnóstico diferencial - Alterações secundárias da repolarização ventricular em SVE ou bloqueios de ramos (aspecto assimétrico da onda T).
Onda T cerebral (acompanhada de bradiarritmias e/ou BAV).
2. Isquemia subendocárdica - Alterações (primárias) da repolarização ventricular sugestivas de isquemia subendocárdica (onda T positiva, pontiaguda e simétrica), na área ântero-septal (V1, V2, V3 eV4) ou ântero-lateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas.

B. Lesão
1. Lesão subepicárdica - Alterações (supradesnivelamento do ponto J e do segmento ST, com convexidade superior deste segmento nas derivações que exploram a lesão) sugestivas de lesão subepicárdica, na área ântero-septal (V1, V2, V3 e V4) ou ântero-lateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas.
2. Lesão subendocárdica - Alterações (infradesnivelamento do ponto J e do segmento ST, com concavidade superior deste segmento nas derivações que exploram a lesão) sugestivas de lesão subendocárdica, na área ântero-septal (V1,V2,V3 e V4) ou ântero-lateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas.

C. Necrose
Alterações eletrocardiográficas (ondas QS ou Qr, sugestivas, respectivamente, de necrose transmural ou subepicárdica, acompanhadas de ondas T negativas, nas derivações que exploram a necrose) sugestivas de zona eletricamente inativa nas áreas ântero-septal (V1,V2,V3 e V4) ou ântero-lateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas.
Obs.: É preferível usar a terminologia eletrocardiográfica "zona eletricamente inativa da área..." a "infarto do miocárdio (antigo ou cicatrizado) da área...".

D. Infarto do miocárdio
1. Infarto agudo do miocárdio - Alterações eletrocardiográficas (presença de importante supradesnivelamento do ponto J e do segmento ST, com convexidade superior, nas derivações que exploram a área do infarto) sugestivas de infarto agudo do miocárdio, na área ântero-septal (V1, V2, V3, e V4) ou ântero-lateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas.
Obs.: É preferível usar a terminologia eletrocardiográfica "lesão subepicárdica na área..." a "infarto agudo do miocárdio na área...".
Diagnóstico diferencial do infarto do miocárdio
Síndrome da repolarização precoce - supradesnivelamento do segmento ST, a partir do início da fase descendente da onda R, com concavidade superior, preferencialmente nas derivações precordiais, acompanhadas de bradicardia sinusal.
Pericardite: supradesnivelamento do segmento ST, que se inicia na porção média da fase descendente da onda R (e ausência da onda Q).

E. Infartos de localização especial
1. Infarto do miocárdio de ventrículo direito - Supradesnivelamento do segmento ST em derivações precordiais direitas (V1, V3R, V4R, V5R e V6R), particularmente com elevação do segmento ST superior a 1mm em V4R. Geralmente, este infarto associa-se ao infarto da parede inferior do ventrículo esquerdo.
2. Infarto atrial - Presença de arritmias atriais e desnivelamentos superiores do intervalo PR. Alteração do intervalo englobado pela onda P e pela repolarização atrial (segmento Pta), especialmente elevação do segmento Pta maior que 0,5mm nas derivações V3 a V6 (com depressão recíproca em V1 e V2) ou em D1 (com depressão recíproca em D2 e D3).

F. Progressão Lenta da Onda R em Parede Anterior (de V1 a V4)
A falta de progressão ou pequena progressão da onda R em parede anterior (ou, ainda, especialmente, a diminuição de R de V2 para V3 ou de V3 para V4) é sugestiva de área eletricamente inativa anterior.

G. Infarto de Miocárdio na Presença de Bloqueio de Ramo
1. Com bloqueio de ramo direito (BRD) - Habitualmente, a presença de BRD não impede o reconhecimento de infarto do miocárdio associado.
2. Com bloqueio de ramo esquerdo (BRE) - A presença de BRE dificulta o reconhecimento de infarto do miocárdio associado.
Desnivelamentos do segmento ST podem permitir a identificação de infarto do miocárdio recente, de acordo com os critérios definidos por Sgarbossa e cols. para esta identificação: supradesnivelamento do segmento ST ³ 1,0 mm em concordância com o QRS/T; infradesnivelamento do segmento ST ³ 1,0 mm em V1, V2 e V3; supradesnivelamento do segmento ST ³ 5,0 mm em discordância com o QRS/T.
Também a identificação de áreas eletricamente inativas é dificultada pelo BRE, podendo-se reconhecê-las nos casos em que: presença de ondas R importantes em V1 e V2, bem como de Q em V5 e V6 e/ou em D1 e aVL sugerem área eletricamente inativa ântero-septal; presença de ondas S importantes, em V5 e V6, sugere área eletricamente inativa ântero-lateral.

V- Critérios Eletrocardiográficos para a Caracterização da Presença do Marcapasso Artificiais
Os eletrocardiografistas baseiam-se no traçado de 12 derivações para o reconhecimento do tipo e modo dos marcapassos artificiais. Desta forma, são caracterizadas as funções e alterações mais freqüentes, capazes de definir o encaminhamento (ou não) do paciente ao laboratório especializado em estimulação cardíaca artificial.
As informações básicas sobre os marcapassos artificiais devem fazer parte do conhecimento de todos eletrocardiografistas, sendo de suma importância para os que estão mais afastados dos grandes centros médicos, a fim de que possam tomar as melhores decisões e condutas para seus pacientes.
A nomenclatura, a seguir, visa não só uniformizar os laudos eletrocardiográficos, mas, também, propõe o uso da língua portuguesa em lugar das expressões inglesas em excesso.
1- Marcapasso normofuncionante com captura ventricular
2- Marcapasso normofuncionante com captura atrial - espícula:representação gráfica correspondente ao estímulo elétrico produzido pelo marcapasso; captura: corresponde à despolarização tecidual artificial; é referida quando uma espícula provoca despolarização atrial ou ventricular; intervalo de pulso (em lugar de intervalo de escape): intervalo de tempo determinado por duas espículas,que corresponde à freqüência de estimulação programada; histerese: intervalo de tempo superior ao intervalo de pulso, acionado pela presença de eventos espontâneos, objetivando o aproveitamento do ritmo próprio do paciente. Desta forma, ficam estabelecidos dois limites de freqüência: um para eventos espontâneos e outro para eventos estimulados.
3- Marcapasso ventricular com sensibilidade normal
4- Marcapasso atrial com sensibilidade normal - sensibilidade do marcapasso: capacidade de reconhecimento de eventos elétricos espontâneos atriais ou ventriculares.
5- Marcapasso com capturas e sensibilidade normais
6- Marcapasso dupla câmara com sincronismo AV normal - intervalo AV: intervalo de tempo programável, que se inicia com o evento atrial (sentido ou estimulado) e termina com a espícula ventricular.
7- Perda de captura atrial, intermitente ou persistente
8- Perda de captura ventricular, intermitente ou persistente - perda de captura: consiste na incapacidade de uma espícula de marcapasso, sob condições eletrofisiológicas favoráveis, provocar despolarização tecidual do átrio ou ventrículo. Pode ocorrer por: 1 – aumento de limiar de estimulação (valor mínimo de energia necessário para provocar captura); 2 - disfunção do cabo-eletrodo (fratura ou mudança de posição); 3 – disfunção do gerador (bateria esgotada ou bloqueio de saída); 4 – programação inadequada (energia insuficiente).
9- Falha de sensibilidade do canal atrial ou do marcapasso atrial
10- Falha de sensibilidade do canal ventricular ou do marcapasso ventricular - sensibilidade excessiva (em lugar de oversensing): fenômeno caracterizado por exagerada sensibilidade imposta ao canal atrial ou ventricular que interpreta equivocadamente um ruído (interferência eletromagnética, miopotenciais) ou mesmo uma atividade elétrica relacionada com a despolarização, respondendo com deflagração ou inibição.
- Sensibilidade diminuída (em lugar de undersensing): consiste na incapacidade de reconhecimento da despolarização espontânea, atrial ou ventricular. Pode ocorrer por programação inadequada (limiar de sensibilidade superior à atividade elétrica espontânea) ou por modificações da captação do sinal intrínseco, por distúrbios no contato eletrodo-miocárdio.
11- Inibição inapropriada da estimulação atrial
12- Inibição inapropriada da estimulação ventricular - inibição corresponde à ausência de emissão da espícula pelo gerado; inibição normal ocorre quando o canal atrial ou ventricular "sente" um evento espontâneo atrial ou ventricular, respectivamente; inibição anormal ou inapropriada pode ocorrer por: a) Interferência de canais (termo substituto para crosstalk) – inibição anormal da espícula ventricular, exclusivamente relacionada à presença do estímulo atrial. O canal ventricular interpreta o sinal emitido pelo canal atrial como se fosse uma onda R, ocorrendo reajuste do canal ventricular, que deixa de emitir o estímulo artificial. Esse fenômeno depende da amplitude da espícula atrial e da duração do impedimento ventricular (termo substitutivo de blanking); b) Miopotenciais esqueléticos – podem ser interpretados pelo MP como ondas elétricas cardíacas. Neste caso, a função sensibilidade do sistema está com programação inadequada; c) Perda de comando; d) Sensibilidade excessiva.
13- Batimentos de fusão pela estimulação cardíaca artificial - fusão: corresponde à ativação do tecido cardíaco, tanto artificial como espontânea, de forma simultânea, provocando complexos híbridos. No caso de eventos ventriculares, uma espícula de marcapasso é acompanhada de QRS, cujas características morfológicas são intermediárias entre as do QRS capturado e do espontâneo.Esse mesmo fenômeno pode envolver eventos atriais, sendo denominado de fusão atrial.
14- Batimentos da pseudofusão - pseudofusão: ativação espontânea do tecido cardíaco, simultânea à emissão da espícula do marcapasso, que não tem efeito sobre o QRS ou a onda P (pseudofusão ventricular e atrial, respectivamente).
15- Taquicardia mediada pelo marcapasso - arritmia restrita aos sistemas de estimulação atrioventricular, caracterizada pela deflagração ventricular a partir de onda P retrógrada e freqüências elevadas; em geral, determinada pelo canal limitador de freqüência. Trata-se, portanto, de uma arritmia por movimento circular em que o marcapasso faz o papel de componente anterógrado do circuito, cuja porção retrógrada é anatômica (via normal ou anômala).
16- Taquicardia conduzida pelo marcapasso -taquiarritmia que envolve, especificamente, sistemas de estimulação atrioventricular, caracterizada pela presença de arritmia supraventricular que, sentida pelo canal atrial, deflagra capturas ventriculares em freqüências elevadas, mantendo certas características da arritmia espontânea.
17- Taquicardia induzida pelo marcapasso - alterações da sensibilidade ou interferências eletromagnéticas induzindo arritmias.

VI – Critérios para a Caracterização dos Eletrocardiogramas pediátricos
As dificuldades para estabelecer os padrões eletrocardiográficos normais das crianças decorrem de uma série de aspectos que devem ser sempre considerados na análise do eletrocardiograma pediátrico: a) as características do traçado eletrocardiográfico devem ser avaliadas de acordo com a idade da criança; b) muitos dos parâmetros eletrocardiográficos são analisados na população em geral; c) os intervalos PR e QT são freqüência cardíaca dependentes; d) a existência de deformidade torácica ou má posição cardíaca limita a interpretação do eletrocardiograma; e) o eletrocardiograma do recém-nascido reflete as repercussões hemodinâmicas sobre o ventrículo direito na vida intra-uterina e as alterações anatomofisiológicas decorrentes da transição da circulação fetal para a circulação neonatal; f) o eletrocardiograma da criança mostra a diminuição progressiva do domínio do ventrículo direito até atingir o padrão característico de predomínio fisiológico do ventrículo esquerdo observado no eletrocardiograma do adulto; g) a interpretação do traçado eletrocardiográfico deve seguir uma sistemática, começando sempre pela verificação da idade da criança e depois pela análise dos achados eletrocardiográficos: ritmo, freqüência ventricular, condução atrioventricular, duração, amplitude e eixo de onda P, eixo, duração e morfologia do QRS, medida do intervalo QT, análise do segmento ST,eixo e morfologia da onda T e amplitude de onda U.
Como as características do eletrocardiograma pediátrico devem ser consideradas de acordo com a idade da criança, muitas vezes, é necessário consultar tabelas que relacionam idade e freqüência com as medidas eletrocardiográficas.
A tabulação mais completa foi elaborada por Davignon e col, embora seus dados não necessariamente correspondam aos achados encontrados em nossa população. A sua utilização representa um auxílio precioso na interpretação do eletrocardiograma pediátrico.(tab. I)
A análise da tabela mostra as mudanças freqüentes do traçado do ECG no primeiro ano de vida, particularmente no período neonatal (do 1º dia ao 30º dia), refletindo as alterações anatomofisiológicas que ocorrem logo após o nascimento. Além disto, nela estão relacionados os achados que são fundamentais na interpretação do eletrocardiograma das crianças.
Algumas considerações devem ser ressaltadas:
A) O eixo e a morfologia da onda P e do complexo QRS são os parâmetros utilizados para estabelecer a orientação das câmaras cardíacas. A definição do situs atrial é baseada na localização do nó sinusal. No situs solitus, o eixo da onda P está ao redor de + 60º e, nas situações em que o situs é inversus, o eixo de P é de + 120º, sendo, portanto, a onda P negativa em D1.
B)A freqüência cardíaca média, que, ao nascimento, é de 130 batimentos/minuto, aumenta durante as primeiras 2 a 4 semanas de vida, podendo atingir valores médios de 140 e, depois, diminui com o crescimento da criança.
C) A onda P tem duração média de 0,06 seg no primeiro ano de vida, aumentando até 0,09s aos 10 anos.
D) O intervalo PR aumenta com a idade e varia com a freqüência cardíaca.
E) O complexo QRS tem duração média de 0,06 seg nos primeiros dias de vida e de 0,09 seg após 15 anos; seu eixo tem valor médio de +120º nas primeiras semanas e de +60º na idade escolar.
F) A morfologia e amplitude das diferentes ondas do complexo QRS variam de acordo com a idade.
G) A presença de onda "q" em V1 é sempre considerada patológica, enquanto que, em V6, está presente em 90% das crianças com idade superior a 1 mês.
H) A onda R de V1 cresce ligeiramente durante o primeiro mês e, a seguir, diminui lentamente durante vários anos. A onda R de V6 cresce mais rápido do que a diminuição da R de V1.
I) A onda T pode ser negativa em D1 e positiva em aVR nas primeiras horas de vida. Nas primeiras 48h de vida, a onda T costuma ser positiva em V1, tornando-se negativa depois de 3 a 7 dias e voltando a se positivar somente na pré-adolescência.
Portanto, frente a um eletrocardiograma pediátrico, temos que considerar as variações próprias de cada grupo etário, consultar a tabela de Davignon, lembrando as limitações já descritas, e, principalmente, correlacionar sempre os achados do ECG com os dados clínicos.

VII – Critérios Eletrocardiográficos para a caracterização de Situações Especiais
Há uma miscelânea de condições em que o eletrocardiograma apresenta alterações peculiares, não só nas cardiopatias como também em doenças sistêmicas, em distúrbios metabólicos e na ação de medicamentos. Em algumas delas, como nas síndromes do QT longo, de Wolff-Parkinson-White e de Brugada, o ECG é o exame mais sensível e específico para o diagnóstico. Em outras, como no infarto do miocárdio, na pericardite e na intoxicação digitálica, o ECG é um pouco menos sensível, mas continua sendo um dos principais critérios diagnósticos. O infarto do miocárdio e a síndrome de Wolff-Parkinson-White, em razão da prevalência e da importância, são analisados em capítulos separados. As demais situações foram agrupadas nesta seção.
Nas condições abaixo relacionadas em ordem alfabética, estaremos nos atendo ao que consideramos padrão ouro. Embora os parâmetros analisados sejam altamente específicos para o diagnóstico, recomendamos que, na conclusão dos relatórios, sejam mencionadas as frases "ECG sugestivo de", ou "ECG compatível com".
1. Ação digitálica - Infradesnivelamento de ST-T de concavidade superior (onda T "em colher"); diminuição do intervalo QTc.
2. Alterações de St-T por fármacos de ação cardiovascular - Aumento do intervalo QTc.
3. Cardiomiopatia hipertrófica - Presença de ondas Q rápidas e profundas em derivações inferiores e/ou precordiais, em geral associadas à sobrecarga ventricular esquerda e acompanhadas de alterações de ST-T.
4. Comunicação interatrial - Distúrbio de condução pelo ramo direito e possível associação com sobrecarga do ventrículo direito.
5. Dextrocardia - Onda P negativa em D1 e positiva em aVR; onda Q profunda em D1 e aVL; complexos QRS progressivamente menores de V1 a V6.
6. Disfunção segmentar de parede enfartada - Persistência tardia da elevação do segmento ST após infarto do miocárdio.
7. Displasia de ventrículo direito - Distúrbio final da condução do QRS com baixa voltagem e grande duração (onda epsílon).
8. Distúrbios eletrolíticos
8.1. Hiperpotassemia: Onda T apiculada e de base estreita; redução do intervalo QTc; distúrbio de condução intraventricular (QRS alargado);condução sinoventricular.
8.2. Hipopotassemia: Aumento da amplitude da onda U; depressão do segmento ST e da onda T;aumento do intervalo QTU.
8.3. Hipocalcemia: Aumento da duração do segmento ST; aumento do intervalo QTc.
8.4. Hipercalcemia: Encurtamento do segmento ST.
9. DPOC - Orientação da onda P próxima de +90º (P pulmonale); diminuição da amplitude dos complexos no ECG (efeito dielétrico); desvio do eixo do complexo QRS para direita;desvio da zona de transição precordial do QRS para a esquerda.
10. Efeito dielétrico - Baixa voltagem do QRS em todo o traçado (< 0,5 mV nas derivações do plano frontal e < 1,0 mV nas derivações precordiais).
11. Embolia pulmonar - Morfologia S1Q3T3; desvio agudo do eixo de QRS para direita; taquicardia sinusal.
12. Estenose mitral - Sobrecarga atrial esquerda com onda P bimodal, entalhada ou em platô, em, ao menos, uma derivação, e difásica plus-minus em V1, com a fase negativa lenta (índice de Morris positivo), possível associação com FA e sobrecarga de ventrículo direito.
13. Hipotermia - Presença de entalhe final do QRS de convexidade superior (onda de Osborn).
14. Hipotireoidismo - Bradicardia; baixa voltagem generalizada de todas as ondas (efeito dielétrico).
15. Injúria aguda do sistema nervoso central - Ondas T negativas gigantes, simulando isquemia subepicárdica (onda T cerebral);aumento do intervalo QTc; reversibilidade das alterações.
16. Insuficiência renal crônica - Associação das alterações de hiperpotassemia e de hipocalcemia.
17. Pericardite aguda - Supradesnivelamento difuso do segmento ST.
18. Síndrome de Brugada - Supradesnivelamento de ST em V1 e V2; padrão assemelhado a distúrbio de condução pelo ramo direito em V1; transitoriedade das alterações acima descritas.
19. Tremor parkinsoniano - Irregularidade permanente da linha de base.
20. Troca de posicionamento dos eletrodos - a) Braços trocados entre si: D1 negativo e aVR positivo; b) Eletrodo da perna direita trocado por um dos braços: amplitudes de onda pequenas em D2 (braço direito) ou D3 (braço esquerdo); c) Troca de eletrodos precordiais: alteração da progressão normal da onda R de V1 a V6.